Por Clara Days:
Ideias-chave: Preparar nova etapa, entre a pertença e o desapego; rever e escolher, cumprir ou largar; regra ou libertação, em fim de etapa.
A presença simultânea do Hierofante e do Carro, neste momento, coloca-nos perante a necessidade de fazer opções radicais. Tanto quanto o Hierofante nos pede que nos integremos e aceitemos a regra ou o dogma, pede o Carro que nos libertemos e sigamos em busca de um caminho novo e pessoal. Pairando sobre eles, a energia do Mundo / Universo mostra que estamos num final de etapa em que o olhar simultâneo para trás e para a frente se devem fazer para sintetizar conclusões e definir novos rumos.
O entendimento geral da mensagem do Hierofante mostra-o como um conservador, guardião dos segredos que impregnam o nosso estar colectivo, feito de tradição. A crença está aqui subjacente, como uma coisa que se aceita sem precisar de ser explicada. Ele representa também todas as concessões pessoais que fazemos, em troca de sermos acolhidos e protegidos pela comunidade a que escolhemos pertencer. Quando estou perante o Hierofante, aceito as regras, as convenções, os ditames.
Já o Carro joga precisamente no tabuleiro contrário: representa o Princípio do Desapego, aquela energia que me impele a largar o que tem sido o meu lugar de pertença para partir em busca de novos caminhos, tomando solitariamente as rédeas do meu destino. A cada encruzilhada, ele faz escolhas e toma decisões, que irão definindo um rumo, até que saiba qual é o seu novo propósito de vida.
Assim, no entendimento mais geral, é obviamente incompatível estar a cem por cento com o Hierofante e com o Carro, em simultâneo: ou escolho pertencer, ou escolho separar-me do meu lugar de pertença. Qual dos dois prevalece?
É aqui que podemos considerar a moderação superior do Mundo, que corresponde a uma etapa da viagem do Tarot em que o meu grau de consciência está bem mais desenvolvido e elevado. O Mundo corresponde a um fim de etapa e permite que me coloque numa posição superior e olhe para o passado recente numa perspectiva de retirar lições, destrinçando bem o que é essencial e o que é secundário e valorizando apenas o que merece ser valorizado.
Resumamos então: este parece ser um momento de viragem nas nossas vidas, e estamos em posição de poder fazer uma escolha fundamentada sobre o nosso próximo destino: ou queremos ficar onde estamos, sujeitando-nos ao preço de cumprir as regras do colectivo a que pertencemos, ou é melhor sermos capazes de cortar amarras com o nosso passado recente, mesmo que não saibamos ainda qual a nova meta a que nos propomos, pois estamos capazes de tomar a responsabilidade pelas decisões solitárias que faremos, ao longo do percurso, rumo a uma vida nova.
Onde estou eu? O que escolherei? Cada um que responda por si.
Imagem : The Slow Tarot, de Lacey Bryant, 2019

Deixe um comentário