
Aula Zoom 7/3/2023
Houve duas notícias nos últimos três dias que tocaram seriamente o Peixes que há em mim e que mais uma vez confirmaram essa coisa extraordinária que é a correlação entre o que se passa nos Céus e o que se passa aqui.
A primeira foi a da assinatura de um acordo, histórico, nas Nações Unidas, quanto à protecção das águas internacionais. Tudo começou em 1994 – quando Saturno esteve pela última vez em Peixes e as Nações Unidas adoptaram uma Convenção sobre direito marítimo, a chamada Lei do Mar. Agora, nas vésperas de Saturno entrar em Peixes – hoje – , de novo nas Nações Unidas foi possível ultrapassar décadas de discórdias e adoptar regras para protecção da bio-diversidade marinha fora das aguas territoriais. Peixes protegidos pelos anéis de Saturno.. Chama-se o Tratado do Alto Mar e acelera o compromisso internacional de proteger 30 por cento dos oceanos até 2030- quando Saturno estiver em Gémeos em quadratura a Peixes….
A segunda notícia não tem a ver com um encapsular protetor dos mares mas sim com um encapsular do universo. No final da semana passada, no decorrer do encontro anual da Federação americana para o avanço da Ciência, foi criada o que chamaram a Federação das Origens” que une investigadores de Harvard, Zurique, Cambridge e Chicago para explorar os processos químicos e físicos dos organismo vivos e as condições ambientais que permitam a vida noutros planetas. É um projeto multidisciplinar inovador, derivado da descoberta nos últimos anos de mais de 5 mil exo-planetas e a previsão de triliões mais na Via Láctea – onde pode, tal como na Terra, existir vida. Encapsular o que nos transcende também é tarefa para Saturno em Peixes.
Peixes é o decimo segundo e último signo do Zodíaco. É uma constelação cujo simbolismo sabemos que vem pelo menos desde os tempos da Babilónia. Achavam que as estrelas da constelação desenhavam um par de Peixes a nadar em direções diferentes unidos por uma corda. Mais tarde os Romanos associaram aos Peixes ao mito da deusa Vénus e do filho Cupido que se tinham atado com uma corda e transformado em peixes para escapar ao monstro Tifon, um bárbaro gigante, gerado por Gaia e Tártaro, o pior dos monstros do Olimpo grego que tentou derrotar Zeus e que foi também adoptado pela mitologia Romana como um temível gigante com cem dragões na cabeça, nos conflitos de sucessão.
Temos assim Vénus e Cúpido ou Afrodite e Eros disfarçados de Peixes, juntos para não se perderem na fuga desorientado do monstro que os persegue em grego ou em latim. São obviamente vítimas…a precisar de salvação porque… e, ou se afogam ou se salvam. O deus Poseidon ou Neptuno, diz outro mito, mandou dois peixes ao socorro dos fugitivos, mas com uma ou outra versão temos sempre uma história de escapismo e/ou transcendência. Depois de salva Vénus ou Afrodite deu aos Peixes um lugar no Céus.
Em geral, desde Ptolomeu, passando por Vettius Valens, Lilly e na corrente psicológica da astrologia do seculo XX, as interpretações sobre quem são os Peixes tendem a ser negativas ou vagas como se tratasse sempre de um signo cheio de patologias físicas ou psíquicas…a sofrer de gota ou alcoólicos ou com uma simpatia excessiva ou esponjas de empatia, ou dotados de compaixão, amor crístico, demasiado bons, nestes casos, para ser verdade.
Mas as contradições começam com o simbolismo que lhes foi atribuído. Peixes é um signo feminino mas os seus planetas regentes são Júpiter e Neptuno, deuses patriarcais que usurparam as altas esferas da mitologia das sociedades matriarcais que lhes antecederam. Os golfinhos, as baleias, o vinho e o símbolo grego pré -cristão Ichtys – dois arcos que se cruzam unindo o divino e o humano – como a figura de um peixe – que veio a ser adoptado pelos primeiros cristãos como marca da sua fé – são outras ilustrações do simbolismo dos Peixes. As letras de Ichtys estão aliás ainda nalgumas igrejas como acrónimo de Jesus Cristo filho de Deus Salvador.
De facto, os Peixes estão, desde as mais antigas civilizações da Índia associado à fonte divina da vida, as Águas da Mãe terra. Há desenhos do símbolo dos peixes- um para cima, outro para baixo unidos por uma corda datados de 10 mil anos antes de Cristo talhados nas rochas de Ratnagiri na India. Representam dizem os peritos a ligação entre a vida na Terra e a vida nos Céus, entre a existência e o que está para além da morte… Na Babilónia o símbolo era o de uma pomba e de um peixe unidos pela mesma corda- a altura dos Céus e a profundidade das aguas unidas pela possibilidade de transcendência das experiências.
E a palavra é mesmo possibilidade porque não há certezas que se consiga ultrapassar a fragilidade causada por se ser puxado em direções opostas. É esse o grande paradoxo: combinar o racional e o irracional, o material e o espiritual, ser vítima ou redentor, descer aos infernos ou subir aos Ceus. Como integrar e fazer a síntese dos extremos quando o estado natural é o de vacilar, sujeitos a umas influências e aos seus opostos?
Na astrologia antiga, tradicional, Júpiter é o regente de Peixes, o deus dos deuses que contem em si e dá aos peixes o conhecimento já adquiridos em todos os outros signos do Zodíaco. Júpiter aqui faz dos Peixes, na sua versão mais útil ou responsável os sábios pregadores. A astrologia moderna atribui aos Peixes a regência de Neptuno, Poseidon, deus dos mares onde tudo se dissolve. Daí a perspetiva da consciência dos Peixes estar sintonizada com o inconsciente coletivo.. Em astrologia esotérica o regente de Peixes é Plutão porque é a energia deste planeta – instrumento para o desenvolvimento da vontade espiritual – que obriga a resolver a ambivalência e leva os dois Peixes a nadar na mesma direção, que será a aquela que a alma tem de percorrer numa vida. Onde temos Peixes, com Júpiter temos as chaves do conhecimento, com Neptuno temos as chaves consciência, com Plutão temos a chaves do caminho.
Os sentimentos, a sensibilidade, a compaixão, a empatia são o lado Luz dos Peixes enquanto o lado sombra é a coneção com o que diabólico ou destrutivo há no inconsciente coletivo. Sofrimento e iluminação acabam por misturar na simbologia pisciano de Cristo na Cruz, na austeridade dos estóicos ou místicos a procura de Deus, nos Peixes de Ouro do budismo que representam fertilidade e abundância quando atingem a libertação espiritual. Mais no dia a dia, é pisciana a imaginação que vai à fonte do inconsciente e produz arte ou se traduz em problemas psíquicos.
Palavras Chave
As palavras chaves para Peixes na astrologia contemporânea são – adaptabilidade, amor incondicional, compaixão, confusão, conversão, criatividade, decepção, emoção, empatia, fluidez, gentileza, idealismo, ilusão, imaginação, imoralidade, impressionabilidade, instinto, mediunidade, misticismo, multiplicidade, nebulosidade, osmoses, recetividade, reflecção, sentimentalidade, sonho, timidez, simpatia, transcendência, vulnerabilidade, , universalidade.
São um signo mutável, como já vimos, feminino, negativo, frio, húmido, fleumático, do elemento da Água, corresponde à direcção Nordeste, à Quinta Feira, ao número 7, à platina, à pedra de Lua, à ametistas, aguas marinhas, safiras e esmeraldas , aos primeiros sinais da Primavera, à cor verde-mar. Os nenúfares e os lírios, as figueiras, os chorões, o musgo, a equinácia, a angelica, os pepinos, alfaces, melões se melancias e frutas e legumes com alto conteúdo de água são Peixes. Portugal e Jerusalém são Peixes, assim como a Calábria, a Normandia, Alexandria, Compostela e o deserto de Gobi também –certamente porque já teve água e estas definições são antigas—
Os regentes são como também já vimos e por ordem de chegada Júpiter, Neptuno e Plutão, Vénus está exaltada em Peixes e é em Peixes que Mercúrio está em queda. Os Peixes regem os pés, o sistema linfático e a glândula pituitária, as doenças causadas pelo excesso de sensibilidade, por venenos ou drogas, a gota, as úlceras, eczema, constipações e problemas causados pela humidade a mais ou a menos. Os estados alterados de consciência tendem a ser piscianos…e o seu tempo é de 19 de Fevereiro a 20 de Março.
Em resumo, podemos dizer os Peixes de fraca representação nas atrologia antiga ganharam significado com o cristianismo e hoje Peixes é o signo do misticismo ou do mistério espiritual, dou pela negativa, da bolha do escapismo. Mas, como Peixes, ou onde temos Peixes no nosso horóscopo, temos também de lidar com as coisas terrenas apesar da tendência para fugir de tudo o que seja feio, desagradável, doloroso. A intuição é potente para sentir á distância o ou quem é de evitar e o mergulho no álcool, droga ou excessos místicos normalmente vem da dificuldade em enfrentar a realidade.
Na perspectiva da astrologia esotérica de Alan Leo, Alice Bailey, Flávia Monsaraz e Alan Oken os Peixes exprimem o facto de até se atingir um alto grau iniciático de consciência, a luta para fundir a matéria e o espírito, é um desafio quotidiano resumível a três princípios fundamentais.
– o primeiro que é o da catividade diz que a alma está presa porque -intimamente conectada a matéria – e não é livre de viver a sua própria natureza espiritual. Há um sacrifício da alma ao corpo.
– o segundo que é o da renúncia diz que até que haja consciência da possibilidade de viver em unidade os Peixes tendem a ser vítimas de atos de auto-sabotagem fugindo das responsabilidades ou através de qualquer escapismo. Só através da renúncia ao desejo da personalidade é e a corda que une os dois peixes se torna instrumento de progressão e se avança no chamado caminho espiritual.
– o terceiro que é o de auto-sacrifício e mutação quando o Peixes sacrifica a personalidade e passa a viver na sensibilidade transcendental, propósito Amor Universal que põe fim ao karma. –muito difícil quando o carro se avaria, há greves dos transportes ou um divórcio a decorrer…
Diz a astrologia antiga que os anos auspiciosos são dos 27 aos 43 e dos 61 aos 69 e os mais difíceis os 8, os 13 e os 48.
Peixes famosos há muitos- vou só nomear os meus favoritos – Copérnico e Einstein os visionários e Elizabeth Taylor- sempre a procura da união com o marido ideal..
— Todos nós temos Peixes numa qualquer casa do zodíaco. É nessa casa que vamos viver as fragilidade, dualidades e possibilidade de redenção acima descritas com maior ou menor facilidade conforme os aspectos ou planetas relacionados com essa casa.
SATURNO EM PEIXES
No horóscopo natural que começa em Carneiro e acaba em Peixes, este, por ser o décimo segundo e ser a terceira água, elemento da memória, diz-se que contem em si todas as experiências dos restantes signos do zodíaco. É o fim. Esse somatório de aprendizagem tem de conduzir ao renascimento na Primavera, em Carneiro, livre dos ónus e encargos do Inverno. A partir de hoje e nos próximos três anos, a presença de Saturno em trânsito no signo dos Peixes representa um teste do nosso desenvolvimento em todas as coisas pisciana, na casa onde tivermos esse signo no nosso horóscopo. Os confrontos vêm da nossa atualização analítica da oposição da Virgem, as tensões derivam da dicotomia entre saber e comunicar pelas quadraturas a Sagitário e a Gémeos, as oportunidades vêm da adopção de novos valores com o nodulo norte e Urano em sextil em Touro.
É de agora até 25 de Maio de 2025 e ainda de setembro de 2025 a 14 de Fevereiro de 2026 quando entrar definitivamente em Carneiro fazendo uma conjunção exata a Neptuno em Fevereiro de 2026, em Carneiro.
Neptuno está em Peixes desde Abril de 2011 a, a trazer-nos a consciência ao inconsciente, a dissolver as fronteiras entre o mundo material e o divino, enfim, a facilitar a união dos opostos em Peixes. Não garante a iluminação mas permite o refinar a sensibilidade e ir beber ao sonho e à imaginação. Agora chega Saturno para dar forma a essa sensibilidade.
No entanto, Saturno não está confortável em Peixes- apesar de na astrologia Helénica ser o regente da casa 12, de Peixes, a casa do confinamento e os Peixes representarem o fim de um ciclo e as sementes do próximo tal como Saturno simboliza o Karma e o Tempo.
Neptuno dissolveu, Saturno vai partir o que resta das velhas estruturas psíquicas que já não servem um propósito e com esforço – porque é difícil segurar a Água, vai limitar ou estruturar crenças e sonhos, individual e colectivamente. A posição e aspetos natais de Saturno na nossa carta astral diz-nos se a tarefa é mais ou menos fácil. Será certamente um esforço de realismo e planeamento do qual não devemos escapar com ajuda de alteradores de consciência, valiums ou poppers.
Temos também de aceitar algumas desilusões individual ou coletivamente porque Saturno obriga a ser sóbrio face aos testes emocionais a que vamos ser sujeitos. É como se o planeta da materialidade quisesse que o signo do misticismo ou sonho desse forma ao que é do domínio imaterial. A poesia, a arte, ficção, a inteligência artificial, as investidas científicas de que falei no início são as vias construtivas para este trânsito. Definir a linha – a corda- entre a realidade e o imaginário, entre um peixe e o outro e chegar a conclusão que o material e o imaterial podem estar fundidos numa só vivência ou principio é agora possível porque, graças a Saturno vamos poder – ou mesmo ser obrigados a definir barreiras, fronteiras que nos permitam levar o processo de unificação a bom termo, transcendendo as nossas próprias barreiras. Neptuno em Peixes permite-nos sonhar com uma nova realidade e com Saturno vamos poder dar-lhe forma, estrutura, começando em termos coletivos por exemplo a proteger os mares. A verdadeira revolução deve ficar para 2025 quando Neptuno e Saturno se unirem em Carneiro no final deste trânsito em Peixes, ao mesmo tempo que Plutão ingressa definitivamente em Aquário.
Daqui até lá tudo está em aberto… enquanto encaramos os testes de realidade, damos forma ao sonho, disciplinamos os ânimos…
Rosita Iguana 7/3/2023
