Um artigo enviado por Paula Mariá
A popularidade da astrologia vem e volta de tempos em tempos, de acordo com a época, as perspectivas e necessidades de uma geração (em breve, inclusive, virá o pós, que é a onda do contra, “descoberta de mais um signo/planeta/asteroide pode destruir toda a astrologia” — aguardem!). Sob uma perspectiva de esclarecimento muita informação é uma coisa maravilhosa, porque vai longe! Mas nisso pode ir de todo jeito e acabar gerando ainda mais dúvidas, se pouco ou mal explicada.
Resolvi fazer essa nota para tirar algumas dúvidas básicas sobre astrologia, da minha perspectiva, ajudando vocês a entenderem melhor até onde vai o destino e onde começam as escolhas. Aproveito para divulgar meu trabalho e a forma como realizo a leitura de mapas, com foco na análise de personalidade. Que minhas palavras sejam úteis.
Sobre nós e os Astros
A astrologia é a ciência sagrada do céu. Uma experiência milenar de observação dos astros, seus trânsitos e como esses interferem na vida aqui na Terra. Os movimentos planetários mexem com as marés, com as plantações, os ventos, as erupções… por que não mexeriam conosco?
Há uma verdade na natureza e essa é a de que nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Os corpos estão constantemente assumindo outros formatos, a água ora é rio, ora é chuva, outr’ora irriga a terra que gera o alimento. Continuam circulando as mesmas moléculas, mas se apresentando como matérias diferentes. Assim é a nossa relação com o Universo. Agora estamos aqui, seres humanos inteiros, completos e complexos, mas amanhã ao pó voltaremos e parte de nós se tornará um broto, outra será levada por um microorganismo. Quem sabe não vamos parar em Marte? Essa sensação de Unidade é o que nos faz compreender melhor nossa relação com planetas tão distantes: Somos influenciados porque somos parte deles e eles são parte de nós. Assim na Terra como no Céu.
Tomar ciência do seu mapa astral é uma viagem de autoconhecimento, pois compreendemos a energia que nos influencia e a partir daí conseguimos observar como ela se manifesta através de nós. Olhando para cima estamos olhando para o dentro.

Venusi(amas): Vênus retratada em seu domicílio diurno e noturno, por Elisa Riemer
O que meu signo diz sobre mim?
Muito e, ao mesmo tempo, nem tanto. Seu signo indica a posição do sol na hora do seu nascimento, por isso também pode ser chamado de “signo solar”, ele é que rege o seu ser. Quem você é, como se coloca no mundo, sua energia essencial e o que te movimenta são algumas das explicações que seu signo solar pode te dar. Entretanto, ele todo é apenas uma parte mais visível — e divulgada — de como estava o céu no momento do seu nascimento.
O sol, responsável pela vida, rege parte de nós, enquanto outras são influenciadas por astros menos comentados, mas tão importantes quanto. Vênus, por exemplo, é o planeta da deusa interior, que fala sobre nossa relação com a beleza, o amor e sobre como lidamos com nossas vaidades. Mercúrio é o mensageiro alado de Hércules, uma energia de comunicação e sabedoria, rege o pensamento e a fala. Determina a forma como nos expressamos, nossas áreas de interesse e o movimento da racionalidade.
E por aí vai! Cada aspecto do mapa direciona uma parte nossa e todas juntas compõe nossa personalidade, com suas contradições, dúvidas e atritos constantes se movimentando dentro de nós. Um mapa astral é uma fotografia do céu e todas as configurações planetárias que ali estavam interagindo no momento do seu nascimento. Algumas delas serão harmoniosas, um planeta colaborará com a expansão do outro, outras serão parodoxais e responsáveis pelas dúvidas existenciais que sempre estão nos levando ao mesmo ponto de partida.
Então, o meu mapa astral diz quem eu sou?
Não. Você diz quem você é. Quando falamos em astros falamos em energias primordiais, são tendências, impulsos e propensões que moram em nosso âmago, mas os planetas não carregam consigo a capacidade de julgamento entre bem e mal, isso é exclusivo dos humanos! Não se pode dizer que Marte e Plutão são negativos, por serem planetas relacionados à guerra e à morte, nem que um signo é melhor ou pior que outro. Cada uma dessas energias é apenas o que é e ponto.
A forma como direcionamos essa essência fica a nosso critério. Podemos ser arianos cheios de fogo, coragem e energia criativa ou podemos explodir em brigas desgastantes e desnecessárias. Podemos ser aquarianos inovadores e humanitários, com disposição para sempre encontrar uma nova solução para qualquer atraso ou podemos nos contentar com uma visão “do contra” e improdutiva.
O mapa é nossa base e fundamento, mas a construção que faremos a partir dele está em nossas mãos, tijolo a tijolo moldamos todos os dias a herança que deixamos nesse mundo. Algumas missões parecem mais difíceis ou até mais nobres que outras, mas é tudo uma ilusão do ego, já que estamos sempre vendo as coisas sob nossa própria perspectiva. Mudando o olhar de lugar vemos que estamos todos na tentativa de nos lapidar e encontrar a melhor parte de nós.
Conhecer nosso mapa astral não é uma forma de discriminarmos o que há de bom ou de ruim em nós, nem de esconder ou justificar nossas falhas, mas sim trazer a tona as energias que nos movimentam e decidir por conta própria para onde as levaremos.
Posso fazer meu mapa astral na internet?
Sim. Os astrólogos também calculam os mapas na internet. É uma forma rápida e prática de ver essa tal “fotografia do céu”, que será sempre a mesma. O que muda a partir daí é a interpretação do mapa, que depende muito de quem está vendo.
Quem leva a astrologia como profissão se aprofundou nos planetas e suas possibilidades, nos aspectos que formam e em como isso pode transparecer na vida aqui embaixo. A internet está cheia de leituras, estudos, opiniões e brincadeiras sobre os posicionamentos astrais, algumas menos outras mais experientes e instruídas. Entretanto, somos nós humanos que conseguimos olhar aspectos diferentes e estabelecer conexões entre os astros, interligá-los até ter uma visão panorâmica, por isso a análise feita por um profissional é sempre mais completa.
Eu, particularmente, sou uma defensora do saber dos livros e das trocas interpessoais. Para mim a internet continua sendo um território muito limitado, em especial quando tratamos de conhecimentos milenares como a astrologia e as ciências ocultas. Fazer seu mapa na internet pode ser sim o primeiro passo para o autoconhecimento, mas é importante não se limitar a ele e sempre tomar muito cuidado com o que lê por aí.
Astrologia é ciência ou crença?
E eu que sei? E quem é que sabe? Onde começa uma, onde acaba a outra? Finalizo esse texto com essa música maravilhosa da Anelis Assumpção que resume bem minha visão sobre a ciência, as religiões, os planetas e toda essa infinidade que nos perpassa. Pouco sabemos sobre “de onde vem” as coisas, mas podemos saber muito sobre o que fazer com elas, a partir do momento em que as temos nas mãos.