Por Clara Days:
Ideias-chave: karma, tradição e moderação; crença, centramento, movimento controlado; nos altos e baixos, agarro-me aos meus e equilibro-me.
A vida impõe-nos os seus altos e baixos e tentamos equilibrar-nos, agarrando-nos ao que nos faz sentir seguros e tentando manter algum controle dos acontecimentos. A verdade é que este é um tempo de mudança de ciclo, com permanente retorno de alguns aspectos que nos inspiram e influenciam os nossos movimentos.
A Roda da Fortuna não dá descanso. Apesar de nos mostrar que o que vai torna a voltar e que o que sobe descerá, bem como o contrário, o seu permanente girar faz-nos perder o equilibrio que sentimos precisar e traz sentimentos de instabilidade. Como gerir a nossa vida, quando a temos em permanente movimento?
Agarramo-nos ao que podemos: o Hierofante permite-nos recolher ao que nos é familiar e securizante, ainda que nos faça pagar o preço. Trazendo consigo o peso da tradição, da regra do grupo que nos pode acolher, fornece-nos uma panóplia de elementos de referência e pede que os respeitemos, que acreditemos profundamente, que sejamos seguidores e reverentes.
A Temperança, por seu lado, dá-nos uma visão mais criativa, propondo antes que tentemos combinar os contrastes, ao invés de os contrapor. Se seguirmos a sua influência, escolheremos uma via mais diplomática, mais interactiva, onde somos actores de mudança.
Mas, no fundo, entre a opção entre nos conformarmos ou a de criarmos soluções conciliatórias, tudo tem a ver com conseguir suportar a alternância de altos e baixos que não nos permite descansar.
Ninguém pode fugir aos ciclos da vida. A Roda da Fortuna gira sem parar, mas a consciência que temos do seu movimento depende tambem do ponto em que nos encontramos. Quanto mais periféricos, mais nos movemos, maior a velocidade. Ora, desta vez, tanto o Hierofante como a Temperança nos propõem estratégias que nos podem permitir aproximar mais do centro, do eixo imóvel do movimento cíclico. Com visões muito diferentes, um pedindo conformidade e a outra criatividade, vêm ambas como respostas possíveis ao que vemos como incontrolável, que são as voltas da Roda, as voltas da vida. Nas voltas da vida, podemos estar mais centrados.
A mensagem será então que não nos deixemos ser vítimas das circunstâncias, ao sabor dos balanços da viagem: podemos adoptar comportamentos de recolha aos valores do nosso grupo de pertença, que nos trazem mais segurança, ou escolher cooperar com o que é instável com criatividade, participando na construção de soluções que combinem os contrários de um modo inovador.
Imagem : 5 Cents Tarot, de Madam Clara, 2020 (2 ed.)
Céus!!! Rosita Iguana 
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