Por Clara Days:
Ideias-chave: sacrifício e destruição; esperar ou romper; sentimentos contraditórios.
Que energias mais contrastantes, estas que nos acompanham na entrada do novo ciclo lunar! Enquanto o Hierofante ainda paira, temos por um lado a postura sacrificial do Dependurado, enquanto a nossa Torre é fulminada pelo raio divino, que nos vai retirar de algum casulo protector onde nos tenhamos escondido.
Sei que é difícil ver a dimensão construtiva de certas cartas, e desta vez são logo duas: quer o Dependurado, quer a Torre aludem a tempos claramente desconfortáveis, que preferimos não ter que viver. Analisemos então cada uma destas energias “difíceis”, que têm em comum colocarem-nos em situações que não dependem da nossa vontade, com as quais temos que lidar:
O Dependurado fala-nos de uma espera, uma suspensão, perante acontecimentos que precisamos de testemunhar, mas em que não devemos intervir. É um arcano de sacrifício no presente, que nos propõe que sejamos capazes esperar pacientemente e de olhar para a realidade por novos prismas, procurando outras hipóteses de solução para os problemas que presenciamos agora. A sabedoria estará em ser capaz de encontrar esses novos ângulos de análise da realidade, em vez de nos focarmos na frustração que a imobilidade da impotência nos possa causar.
Já a Torre anuncia uma ruptura súbita, um desabar de certezas e convicções, que nos podem ter servido de escudo até aqui. Todos temos tendência a procurar estabilidade, e isso implica geralmente aceitarmos como verdadeiros e correctos um conjunto de ideias feitas, ou preconceitos, que nos impedem de ver as coisas exactamente como elas são. A Torre desconstrói tudo isso, obriga-nos a ver a realidade crua, retirando-nos da protecção de muros que nos abrigavam, mas também nos alienavam.
O problema é que o Dependurado é paciente e espera, enquanto a Torre age súbita e definitivamente. Têm tempos muito diversos, estes dois, e não sei como será gerir a combinação das suas energias. Será que a Lua Nova de dia 16 marca uma viragem, de uma energia para a outra? Ou será que teremos que observar pacientemente, como o Dependurado, o desabar da Torre, olhando para a crueza das coisas, que se vão revelar perante nós, de uma ainda outra maneira, por estarmos de pernas para o ar?
Resta lembrar que continuamos sob a influência persistente do Hierofante, com o apelo da tradição, dos costumes e do conformismo a fazer-se sentir. Será que é disso que precisamos de nos libertar? Será essa a realidade que devemos olhar por um novo prisma, lidando com o optimismo possível com o derrubar de convicções e certezas que parece anunciar-se?
Aí está ela, a Lua Nova, e estejamos nós preparados para toda a mudança que pode acontecer, venha súbita ou devagar.
Imagem : Tarot de Nicole Caggiano, 2012
Céus!!! Rosita Iguana 
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