Por Clara Days:
Ideias-chave: atracção e movimento; uno a dualidade e modifico a realidade; decisão e relação em ponto de viragem-
Quando decidimos seguir a força dos afectos estamos a abrir caminho à mudança – parece ser a mensagem principal que as cartas nos trazem para a semana que agora começa. Mas, se quisermos olhar com mais profundidade, o que estará em causa é perceber até que ponto, neste momento, eu estou capaz de decidir a minha vida ou é a vida que decide por mim.
Quando falamos dos Enamorados falamos de dualidade, de duas coisas / pessoas complementares ou mesmo opostas, que se atraem e, juntas, podem criar novas coisas / pessoas / situações. Partindo do conceito mais primário da dupla Feminino / Masculino, consideramos aqui a força que nos impele a escolher para a nossa vida aquilo que nos falta, que nos desafia ou completa. Essa escolha pode ser mais ou menos consciente ou madura, mas está na génese de uma realidade mais rica. Dentro de tudo isto há uma grande margem de escolha, pois temos o poder de decidir de quem ou do que nos aproximamos.
Entra aqui a segunda ordem de razões, e que tem a ver com a Roda da Fortuna, que nos vem associada à ideia de Destino, o que levanta a questão de sabermos até que ponto as nossas circunstâncias podem ou não depender da nossa vontade. Quanto do que me acontece decorre do que fiz? Quanto depende de factores externos? Este é o ângulo por que me parece devermos agora olhar para o Arcano Dez, que nos vem hoje associado aos Enamorados, Arcano de decisão.
O vai-vem da vida é uma questão de equilíbrio inevitável, mas o que fazemos não lhe é indiferente. Colho do que semeio, ou, numa perspectiva mais filosófica, há que considerar as leis do Karma. Ligando esta ideia à mensagem principal dos Enamorados, devemos desta vez avaliar como as decisões “amorosas” que tomarmos vão influenciar o decorrer das circunstâncias em que estamos inseridos. Refiro-me às decisões orientadas pela nossa atracção por aquilo a que estamos dispostos a dedicar-nos com paixão e compromisso, seja uma pessoa, uma ideia, uma causa ou uma carreira.
Então ponhamos a coisa assim: o que eu decidir parece ter neste momento o poder de condicionar fortemente o que me vai acontecer. Esteja a minha vida em fase ascensional ou descendente, num período forte ou menos bom, se eu orientar as minhas escolhas em função de um afecto genuíno estarei a criar condições para a virar num bom sentido. Vale então a pena decidir em função do “amor”, no sentido mais lato possível do termo, pois daí pode vir uma mudança para melhor: se eu decidir seguir a força que me impele pelo coração, estarei a criar condições para novas oportunidades.
Imagem : Seventh Sphere Tarot, de Tina Gong, 2016

Deixe um comentário