Por Clara Days:
Ideias-chave: ordem e auto-controle; manifesto o instinto dentro das regras; regulação e compaixão.
Tudo convida agora à acção, com o Imperador e a Força a inspirar esta semana. O diálogo entre o que é social e o instintivo vai, no entanto, dominar a forma como cada um de nós pretende intervir no mundo à sua volta.
Com o Imperador chega sempre um desejo de ordem e organização. Ele é o regulador da vida em comum e precisa de controlar a situação, visando sempre uma solução estável. Para o Imperador os imprevistos deveriam prever-se, ser contidos ou enquadrados. Combativo e paternal, pode ser generoso, mas pode ser violento, se a violência for necessária para garantir os seus propósitos.
Já a Força governa outro tipo de impulsos, que almeja controlar, a seu modo: é a voz do instinto que a interpela, perante a qual precisa de encontrar uma postura aberta, mas ao mesmo tempo dominadora. A Força exerce um controle suave e cúmplice sobre as reacções espontâneas, sabendo levá-las em consideração, mas moderando os seus ímpetos. Ela quer deixar que se oiça a voz do animal feroz que transportamos dentro, mas não que ele faça estragos com um comportamento desajustado. Usa-lhe a vitalidade, a paixão, tentando sempre que não extravase nas suas manifestações.
Podem trabalhar juntos para ajudar a gerir o comportamento social, estes dois. Podemos tirar da Força a energia, com os impulsos controlados, para com o Imperador os enquadrar nas regras. Mas podem também colidir, pois o Imperador não dá espaço para a inevitável imprevisibilidade das reacções apaixonadas, que lhe estraguem os planos.
Astrologicamente, o Imperador corresponde ao signo de Carneiro e a Força ao de Leão. Fogo com fogo – um grande “incêndio”. Ora, se com o fogo se reforça o fogo, também com o fogo se combate o mesmo… O quatro, da estabilidade e do quadrado, vem aqui a par do onze, número mestre do altruísmo e da compaixão. Dará algum trabalho conseguir que as energias de ambos se complementem, mas, se o conseguirmos, o resultado pode ser francamente construtivo.
Novamente, e isto é uma constante da minha escrita aqui, lembro que as circunstâncias de cada um determinam o enquadramento em que estas duas energias dialogam. Mas depende de nós saber considerar a relevância do que nos é instintivo e espontâneo, para que a sua manifestação se arrume do melhor modo numa estrutura em construção que podemos ajudar a erigir. Se deixarmos a nossa natureza ter uma voz activa dentro dos planos que queremos concretizar, eles poderão ir mais longe e nós trabalharemos neles com mais entusiasmo.
Imagem : Mary-El Tarot, de Marie White, 2019 (2ª Ed.)

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