Por Clara Days:
Ideias-chave: Abertura com perspectiva; começo / alcanço; da espontaneidade à integração.
Que interessante desafio o desta semana: viver a um tempo a abertura pueril do Louco e o elevado nível de consciência que o Mundo nos oferece. Será possível a conciliação, ou teremos que fazer escolhas significativas?
Comecemos pelo Louco, um dos Arcanos mais completos (e complexos) do Tarot. Numerado a Zero, há quem o considere o primeiro, mas também quem lhe atribua o último lugar. Sobre a sabedoria do Louco encontramos as definições mais extremas: para uns, ele é o potencial absoluto e nada mais do que isso, ainda virgem, puro e imaturo, enquanto que outros lhe atribuem a sabedoria máxima do despojamento intelectual, característica dos seres superiores. Ou não sabe, ou não quer saber, digamos, mas este “não querer” é tudo menos negligente: ele já sabe que não vale a pena saber demais, que tudo afinal se resume a muito pouco ou quase nada.
Mas fixemo-nos num Louco aberto a tudo, inconsciente dos perigos e disponível para ir em qualquer direcção. Esse será o que tem que contrabalançar o Mundo, ou Universo, símbolo dum momento de transição profunda de estado, ou era, quando temos a possibilidade de uma síntese final, valorizando o que merece ser valorizado e reduzindo ao seu ínfimo valor aquilo que efectivamente não merece a nossa atenção. Com o Mundo, eu ponho em perspectiva o passado e antevejo um futuro possível, onde possa levar na bagagem tudo o que me foi possível aprender.
Vistas as coisas assim, o Mundo vai preceder o Louco, isto é: primeiro virá a síntese, a conclusão, e só depois poderemos abrir novos horizontes de alma lavada e com vontade de desbravar caminho. Aquilo que nos espera será então um momento de transição que pode ser bem profunda, ou mais superficial, de acordo com as nossas circunstâncias e possibilidades.
Como tirar então máximo partido destas energias inspiradoras, sem deixar que cada uma delas contrarie ou neutraliza o poder da outra?
Primeiro, então, o Mundo: olhar para trás com olhos de concluir, deixando cair o que não interessa e finalizando o que precisa de ser finalizado, para podermos avançar e progredir. Não nos percamos em batalhas desnecessárias, nem deixemos pontas soltas, assim prepararemos terreno para o Louco poder renascer na nossa vida.
Ter o Louco connosco implica estar disposto a acreditar outra vez em todos os impossíveis, a arriscar os caminhos novos, confiar que o que vier virá por bem e que não adianta ter demasiadas precauções. Isto nunca é fácil de conseguir, na idade adulta…
Claro que podemos também, em alternativa, ver um anular o outro, e escolher apenas o que nos convier: ou a conclusão, ou o começo. Podemos gerir bem a nossa vida apontando apenas para uma destas direcções. Mas o melhor será que o segundo suceda à primeira, certamente. Aproveitemos a energia positiva destas duas cartas e procuremos uma mudança, um avanço para a nossa vida.
Imagem : Arcanis Animal Tarot, de David DePasquale, 2023
Céus!!! Rosita Iguana 
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