Por Clara Days:
Ideias-chave: entre o instinto, a emoção e a expansão pessoal; vitalidade, sentimento e expressão; integrar o espontâneo, iluminar o inconsciente
Aproximamo-nos da Lua Cheia de 21 de Julho com uma combinação complexa de simbolismos, entre a necessidade de gerir o nosso comportamento instintivo, a explosão interna de sentimentos que nos pode assolar e uma vontade de nos mostrarmos ao mundo sem receios do que os outros possam pensar. É um desafio bem mais complexo do que o que tivemos há três semanas, com a combinação da Força e do Sol.
Comecemos pelo mais simples, mas não menos importante: a Força, ou Entusiasmo, é um arcano do segundo septenário, assim pertencendo, na definição de Jung, ao “reino da consciência do ego e da realidade terrestre”. A visão tradicional desta carta atribuía-lhe um significado moralista, apresentando a sua mensagem como a importância de pormos os aspectos mais elevados e “humanos” do nosso ser, intelectual e espiritual, a domesticar e submeter o nosso lado “animal”, emocional e instintivo. Uma visão mais moderna considera a sua representação como a da integração frutuosa da energia inconsciente animal, que brota natural e selvagem, numa relação amorosa com o nosso lado consciente, abrindo a vitalidade criadora.
Num plano diferente, mais “celeste”, temos as energias complementares e dicotómicas da Lua e do Sol, noite e dia, intimidade e expansão, sonho e afirmação. Estes são arcanos do terceiro septenário, do “reino da iluminação e da auto-realizaçao” (Jung). Representam a um nível mais impessoal e elevado as energias “feminina” (nocturna, secreta, assombrada) e “masculina” (diurna, afirmativa, iluminada).
A novidade, relativamente à evolução recente das minhas leituras semanais, é esta entrada em cena da Lua, já que o Sol parece ter decidido instalar-se, nas últimas tiragens. Debrucemo-nos um pouco mais sobre os seus significados: quando o ser humano tenta seguir o caminho do coração, aparecem uma série de sombras a inquietá-lo – medos, dúvidas, perplexidades, feridas emocionais mais ou menos antigas. Só a luz suave da Lua consegue iluminar estas zonas sombrias do nosso ser, que na maior parte do tempo pretendemos ignorar ou até negar.
Curiosamente, a Lua do Tarot não corresponde astrologicamente ao planeta do mesmo nome, antes ao signo de Peixes, da idealização e do misticismo, regido por Júpiter e Neptuno. Já o Sol faz uma correspondência directa com o astro do mesmo nome, enquanto a Força equivale ao signo de Leão, que aquele rege.
Assim, estamos perante desafios que se entrecruzam, entre o que é instintivo e o que é socialmente aceitável, o que é inconsciente, o que é subconsciente e o consciente e racional, entre o que é pessoal e secreto e o que se quer tornar público e expandir. Todas estas forças nos traccionam e cada um terá de gerir, melhor ou pior, as resultantes por onde se encaminhará.
Imagem : Tarot de Nicole Caggiano, 2012

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