Por Clara Days:
Ideias-chave: habilidade e imaginação; criatividade consciente e subconsciente; engenho e viagem interior.
O jovem e criativo Mago vê-se agora convocado para a viagem interior e nocturna que a Lua inspira. Não podiam ser energias mais dissonantes, que terão de se alinhar, ainda que momentaneamente. O que nos virá desse encontro?
Há sempre um espírito de iniciativa carregado de soluções engenhosas, quando o Mago vem a terreno. Tudo nele nos encaminha para a concretização das ideias, o seu grande poder é o de transformar em prática aquilo que idealizamos. Aliando a agilidade mental com a criatividade, é mestre em encontrar saídas, soluções, em produzir resultados. Há nele uma grande atenção ao que se passa à volta, uma permanente necessidade de intervenção produtiva.
A Lua, por seu lado, opera dentro de nós, explorando a noite pessoal de cada um. Trabalha com os sonhos, as ilusões, descobre os medos e tenta iluminar os recantos mais sombrios da nossa alma. O seu território é subjectivo e profundo, enraizado em memórias pouco conscientes de momentos dolorosos que deixaram vestígios, cicatrizes sensíveis que muitas vezes nos esforçamos por ignorar, de tal modo nos são penosas. É numa intimidade solitária que a encontramos, encontrando-nos com nós próprios.
Como opera a cabeça engenhosa do Mago na escura complexidade da Lua, de tal modo são os seus mundos opostos? Nada há ali de palpável, qualquer solução passa por lidar com o indizível, a fluidez das incertezas, sensíveis, mas não conscientes. O que faz ali o Mago? Como lida com o enorme desconforto do sofrimento espiritual?
Aliar o engenho e a sensibilidade, eis o que nos é pedido – tarefa confusa de explicar e ainda mais de vivenciar. Seria bom que conseguíssemos pôr o Mago a resolver os traumas íntimos, mas o pragmatismo que o caracteriza talvez não consiga aqui encontrar verdadeiras soluções, as cicatrizes da alma não se curam geralmente com gestos concretos e eficazes. Há que explorar o seu lado inteligente para o fazer aceitar que a abordagem, nestes territórios, tem de ser mais subtil, mais doce, se se querem fazer avanços.
A Lua, por seu lado, pode ganhar se tirar do Mago a determinação concretizadora. Para isso, tem de saber canalizar a sua intuição, a sua percepção subjectiva, para a busca de soluções que possam levar a resultados, mas compatíveis com a delicadeza dos assuntos e temas.
Há ainda uma outra maneira de gerir as energias destes dois, mais simples, que é alternando-as, conforme os momentos ou as áreas da nossa vida. Ora mais Mago, ora mais Lua, de acordo com as circunstâncias de cada um e a evolução dos dias. Os dois nos podem ser úteis, dos dois podemos tirar ensinamentos.
Que cada um possa encontrar o melhor caminho. Uma boa semana para todos!
Imagem : Urban Tarot, de Robin Scott, 2019
Céus!!! Rosita Iguana 
Deixe um comentário