Por Clara Days:
Ideias-chave: espontaneidade, criatividade e instinto; confiar, arriscar e improvisar; ser inteligente no jogo do tudo ou nada.
O Louco continua, aberto a todas as possibilidades. As energias alinham-se para nos capacitar a arriscar até ao limite, se for preciso. Se o resultado é bom ou mau, depende da combinação que saibamos fazer entre seguir o instinto e usar a inteligência. Como gerir?
Enquanto formos Louco, o potencial aventureiro que mora em nós está disponível e vem a jogo. É como se as consequências dos nossos actos percam importância e o que conte seja a viagem, leve aonde levar. Nasce em nós um optimismo quase absoluto, pouco compatível com uma postura madura na vida.
Na sua viagem iniciática pelos Arcanos Maiores, o primeiro encontro do Louco é sempre com o Mago, Arcano 1. Para o Mago também parece não haver impossíveis, mas é porque este se aplica a encontrar soluções para qualquer problema, com uma notável capacidade de raciocínio e improviso. As ferramentas são o que a vida trouxer, assim haja criatividade e engenho. O seu pensamento veloz e a capacidade de comunicação facilitam-lhe a intervenção, que é onde se revela melhor: o seu poder só o é porque o exerce na prática, quando concretiza aquilo a que se propõe.
Mas hoje há também o Diabo, senhor dos instintos e das compulsões, libertário que não reconhece qualquer autoridade externa a si. Se o Louco não mede riscos porque os não conhece, o Diabo corre riscos porque quer e porque assume lidar com quaisquer consequências. Há nele uma pulsão para levar a vontade aos limites, mesmo quando as consequências sejam totalmente desconfortáveis.
Desta combinação, o que resulta? Tudo pode resultar, digo eu. Ingenuidade, engenho e voluntarismo absoluto juntam-se para nos encaminhar para qualquer direcção. Podemos conseguir resultados magníficos, podemos caminhar para o desastre, podemos mesmo cair no abismo – e nesse caso, com sorte, o Mago improvisará um para-quedas. O mais inteligente mesmo é saber pôr o Mago ao comando, parece-me…
Há um aspecto que não podemos desvalorizar, que é que tudo isto se passa sobretudo a nível pessoal, mas certamente terá as suas repercussões no colectivo. O colectivo parece aqui derivar do estranho somatório destes poderes individuais, como que desgovernados, e o Mundo não anda um lugar muito seguro…
Que cada um se tente aguentar no balanço. Com sorte e inteligência – sobretudo inteligência – podemos chegar longe. Mas cuidado…
Uma boa semana para todos!
Imagem: Ananda Tarot, de Ananda Kurt Pilz, 2003
Céus!!! Rosita Iguana 
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