Por Clara Days:
Ideias-chave: destruição com potencial positivo; optimismo perante catástrofe; deixar a poeira assentar e recomeçar.
Tudo vai mudando sem grande nexo, como se a mudança fosse o novo normal. Mas o Louco, eterna criança, tão ingénuo quanto corajoso, continua a ver caminhos onde só se vêem os destroços da Torre Fulminada. Assim esta semana de Lua Cheia, de novo com energias que nos andam a acompanhar.
Vamos então, por partes: a presença do Louco traz o inesgotável optimismo, que tanto pode vir da falta de consciência como de uma sabedoria primitiva, crente em que no fim das contas tudo se resolve. Perante a Torre, provavelmente a mais destrutiva das energias, gerando sempre uma dose de caos que nos pode deixar atordoados ou em pânico, esse optimismo persistente pode ser a nossa salvação.
A Torre anda a aparecer recorrentemente nestas leituras, pela terceira vez agora, em apenas quatro semanas. Este Arcano Maior 16, tão ameaçador, não destrói necessariamente a nossa vida, mas deita abaixo crenças e certezas que tínhamos como bússolas pessoais. Tira-nos o tapete, desfaz o nosso ninho, desarruma sem remédio a zona de conforto a que estávamos habituados. Ora, há um mês que andamos nisto: destrói daqui, desarruma dali, desconcerta tudo – não há estabilidade que resista a tantos imprevistos, tantas rupturas, maiores ou menores, no que nos rodeia. Por mais que nos possam dizer que sair da zona de conforto é encontrar novos horizontes, a imprevisibilidade desta destruição não nos dá tempo para recuperar o fôlego, muito menos para contemplar o cenário.
Mas o Louco anda também, com uma persistência semelhante, a vir visitar-nos: três vezes nas últimas três semanas, é obra. Para que veio ele?
O Louco é o melhor de nós, o nosso lado puro e impoluto, a criança que trazemos dentro. Mais inconsciente do que frágil, dispõe-se a percorrer qualquer caminho sem preparação, sem protecção, confiante, a aprender a vida aos poucos. Corre pela vida sem reparar nos tropeções do caminho. Não traz bagagem, é como se nascesse todos os dias outra vez. Assim, pode receber a destruição da Torre como um novo desafio, sem questionar ou duvidar da bondade do evento: vai ser sempre capaz de ver coisas positivas onde outros as não encontram.
Que recado retirar hoje da combinação destas energias? Eu vejo assim:
Claro que há muita coisa que nos está acontecendo que escapa ao nosso controle e nos desconstrói o equilíbrio pessoal. Perante isto, temos que activar em nós a resposta mais simples e despojada, aquela que vê o lado positivo de qualquer circunstância. Assim poderemos encontrar uma resiliência interior que antecipa o que de construtivo se virá a revelar no novo horizonte que se começa a desenhar.
Vamos tentar?
Imagem : Animism Tarot, de Joanna Cheung, 2013

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