Por Clara Days:
Ideias-chave: conformidade, redenção e esperança; integro-me, perdoo-me e confio no futuro; tradição, absolvição e fé.
Parece que a vida evolui, ou assim o vemos. Enquanto o Hierofante nos puxa para o nosso grupo de pertença, há uma abertura para ultrapassar situações que nos têm apoquentado e a chama da esperança acende-se de novo. Vamos a ver:
A presença do Hierofante tem em si algo de conservador, pois ele carrega consigo o peso de uma tradição a que nos devemos submeter ou até vergar. Este arcano oferece-nos a protecção do grupo com que temos afinidades, seja por criação ou por escolha própria, mas em troca exige que aceitemos cumprir a regra que lhe está subjacente e assumir os comportamentos designados. Após umas semanas às voltas com os destroços da Torre, que podiam ter sido libertadores, esta mudança tanto pode aparecer como uma salvação como um recuo, por nos voltar a colocar sob o “chapéu de chuva” de algo a que devemos sujeitar-nos.
Ao mesmo tempo, o Julgamento volta, para nos oferecer o perdão e a absolvição. Associado ao Hierofante, esta Arcano 20, que na sua grandeza plena pode ser um grande transformador, assume fundamentalmente a sua função redentora, permitindo-nos sobretudo a pacificação da auto-recriminação pelo que tem vindo a acontecer de mal nas nossas vidas.
Olho para trás e consigo compreender os porquês dos meus comportamentos, aceito-me melhor, sou capaz de encarar erros como aprendizagens e integrar a evolução que fiz. Isto, claro, se me integrar na tradição, se seguir a minha comunidade de pertença. Volto-me assim para valores colectivos como salvação da crise individual com que tenho andado a sofrer, nos desmandos da vida.
Mas há ainda a Estrela, a brilhar dentro de mim. Ela representa a inesgotável esperança em dias melhores, mesmo nas circunstâncias mais difíceis. Com a presença da Estrela reacendo a chama interior que ilumina invisivelmente a mais escura das noites. Sempre que ela vem volto a acreditar na essencial bondade do futuro, ainda que seja num tempo muito longínquo. Essa crença, mais forte do que qualquer contratempo presente, permite-me resistir intimamente às mais duras provas.
Temos, pois, um cenário traçado: o colectivo chama-nos a aceitar as suas regras para receber protecção e assim somos capazes de fazer um caminho evolutivo que nos redime de erros passados, ainda que isto possa parecer uma capitulação. Mas intimamente estamos confiantes de que algo melhor há de surgir, não se sabe quando. Enquanto há vida, há esperança…
Uma boa semana para todos!
Imagem : Mythic Tarot, de Liz Greene, Tricia Newell e Juliet Sharman-Burke, 1986
Céus!!! Rosita Iguana 
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