Por Clara Days:
Ideias-chave: fujo, interiorizo e procuro renovação; desapego e introspecção para encontrar absolvição; busca activa e crítica do auto-conhecimento.
Sob o signo ainda do Julgamento, na sua busca de resolver o passado e preparar mudança, algo me impele a partir de onde estou e a buscar-me em mim. Uma coisa é certa: há solidão neste momento da minha vida e é a sós que preciso de tentar resolvê-la.
O Julgamento persiste, esse é o primeiro elemento que define o cenário. Tem a ver com a capacidade de olhar para trás e para a frente numa perspectiva redentora, criando condições para uma verdadeira renovação. O que parece mudar, agora, é a estratégia pessoal de vivenciar esse cenário.
Vejamos primeiro o Carro, representante do princípio do desapego. Há um cordão umbilical que precisa de ser cortado, para fora da zona de conforto e em busca de um caminho próprio. É uma necessidade de distanciamento em relação ao que é familiar, num processo de afirmação pessoal da vontade. Sai o guerreiro armado, combativo e só, a percorrer etapas que se vão definindo durante o percurso, a cada escolha que faz. A sua única agenda é distanciar-se, como que para se certificar de que tem valor próprio, quando está fora das suas origens.
Com ele, hoje, o Eremita, símbolo do princípio da introspecção. Tanto quanto o Carro é jovem e de reacção rápida, é o Eremita um velho experiente e paciente. Este contraste de posturas não nos augura grande entendimento, como se haja duas possíveis saídas que teremos de tentar: o afastamento ou a interiorização. Qual me convém, com qual me identifico? Ou estou condenado a oscilar entre uma e outra, sem saber qual a melhor?
De qualquer maneira, volto a salientar que é uma postura solitária que nos é sugerida. Ninguém escolherá por mim e é de mim para comigo que tudo se irá decidindo. Talvez eu até consiga conciliar as duas posturas, realizando ao mesmo tempo um esforço de desapego, com um afastamento que pode ser apenas simbólico, mas que implica um verdadeiro corte com os outros e os espaços, enquanto me auto-analiso de modo sistemático, para melhor conhecer os meus receios e compreender as minhas motivações verdadeiras.
Tudo isto, é bom lembrar, numa perspectiva de criar condições de mudança, sob a protecção do Julgamento. Andamos a sentir a presença desta energia desde há mais ou menos um mês para cá, como que uma influência de continuidade que paira sobre as mudanças pontuais. Devo ser mais tolerante para com os meus próprios erros, saber enquadrá-los, entendê-los e perdoar-me por tê-los cometido, usando as aprendizagens para memória futura. Devo ser capaz de exercer sobre mim o mesmo tipo de crítica construtiva que teria para outros.
Boa semana!
Imagem : Sun and Moon Tarot, de Vanessa Decort, 2010

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