Por Clara Days:
Ideias-chave: ruptura com tudo, digam o que disserem; perante a destruição, seguir o instinto; libertação absoluta.
Juntam-se duas energias que parecem temíveis para nos apresentar uma semana que assim se anuncia trágica. Como podemos transformar isto a nosso favor?
Esqueçamos a visão de um Diabo prisioneiro dos instintos primários, potenciemos antes a sua capacidade de levar a cabo qualquer projecto, qualquer empreitada, sem se preocupar com o que pensem ou digam os outros. Independente de regras, sem rei nem mestre, ele segue a sua vontade e assume as consequências dos seus actos mais extremos. Certamente que é o instinto o seu guia, mas isso não significa que seja dele prisioneiro, antes que está disposto a levar a cabo a sua vontade, doa o que doer. Todo instinto é um mecanismo de sobrevivência e o Diabo quer sobreviver, ainda para mais se a Torre prepara um cenário cataclísmico.
Vejamos então a componente Torre desta combinação potencialmente assustadora. O seu princípio é o da destruição, o que nos parece ser essencialmente negativo, mas é essa a ideia que temos de desconstruir nas nossas cabeças. O que a Torre destrói são muros que temos à volta, que aparentam ser de protecção, mas que na verdade nos escondem da vida e das suas oportunidades. Por trás desses muros criámos uma zona de conforto que provavelmente já está bolorenta e a apodrecer, de tão fechada e limitada. A Torre desarruma-nos as certezas, põe em causa tudo o que temos por importante e faz-nos perder o equilíbrio, certamente, mas deixa a descoberto um cenário mais amplo e arejado, onde podemos escolher novos caminhos. Fora dos muros há um mundo inteiro por descobrir, que ficará cada vez mais nítido aos nossos olhos, assim que nos habituarmos à nova luz.
Associemos agora estas duas tendências, e o que encontramos? Um tempo de ruptura súbita perante o qual instinto saberá a resposta, ainda que a reacção que nos propõe possa parecer inapropriada ou levar-nos mais longe do que é comumente aceite como certo. A Torre destrói, o Diabo indica um caminho para cada um, independente e provavelmente solitário. No “salve-se quem puder” da confusão, a voz interna da sobrevivência ditará a solução.
Traço um cenário assustador? Assim parece e temos de ser capazes de activar o melhor de nós, apesar de tudo. É que há ainda uma Estrela a pairar, energia de confiança num futuro mais ou menos distante que nos traz sempre alento, feita de fé e esperança.
O Diabo é o grande libertário, a Torre essencialmente libertadora, este é o prisma por onde devemos orientar-nos. Por cima deles, dentro de nós, a Estrela ainda brilha, dando-nos alento íntimo, se a noite ficar demasiado escura.
Uma boa semana para todos!
Imagem : Akihiko Yoshida Tarot, 2011
Céus!!! Rosita Iguana 
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