Energias para a Semana 15-22/12/24: A LUA XVIII E O SOL XIX, COM A TEMPERANÇA / ARTE XIV

Por Clara Days:

Ideias-chave: combinar sentimento e afirmação; entre o sonho e a expansão da personalidade; vou ao fundo de mim e ilumino sem desvirtuar.

Numa semana que começa com a Lua Cheia e termina com o Solstício, reforçando a energia destes eventos celestes, as forças contrastantes do Sol e da Lua encontram-se para nos acentuar os dias. Na vida, como no céu, podemos esperar momentos contraditórios, já que combinar o Sol com a Lua é um exercício que gera eclipses, como se cada um tenha de anular o outro para poder afirmar-se. Para dialogarem, terão de usar a mansa força criadora da Temperança.

Olhemos primeiro para a Lua, energia de sonho e pesadelo virada para dentro de nós, acordando as memórias e os traumas. A sua luz é suave e permite que iluminemos os recantos escondidos da alma sem os encandear, mas não os torna menos dolorosos de reviver.

Ela força-nos ao encontro com a sombra interior, aquilo que escolhemos nunca mostrar, que preferimos mesmo tentar esquecer, mas que subjaz por detrás dos dias comuns, como um eco triste de momentos e acontecimentos menos bons. As montanhas da nossa Lua são feitas de feridas e cicatrizes e aceitar trabalhar com ela é sujeitarmo-nos a lidar com as causas profundas do sofrimento, não dum modo racional e analítico, mas pelo sentimento. Nada fácil, portanto…

Do outro lado de nós está a energia do Sol, a personalidade que se mostra e expande, o lado público e brilhante do nosso ser. É um Arcano de poder pessoal, afirmativo e diurno, “masculino” na acepção tradicional do conceito. Não é menos verdadeiro do que a Lua, essencialmente “feminina” e secreta, mas vive numa outra dimensão, cheia de luz e cor.

Com o Sol sentimo-nos fortes e afirmativos, dizemos ao que vimos e não tememos as reacções dos outros. Particularmente num tempo de Solstício, pico do ano solar, esta força pode levar-nos longe, se a soubermos usar. Mas como fazê-lo, se vivemos ao mesmo tempo com a Lua?

Numa leitura simplista, parece que a Lua travará o Sol, que lhe retirará margem de manobra. Mas pode ser de outra maneira: podemos usar a verdade íntima da Lua para não deixar o Sol exagerar no seu optimismo ou iluminar tão forte que queime por onde passe. É aqui que a força dual da Temperança, alquimia de energias contraditórias, tem de ser activada. Só esta sabe como compatibilizar o incompatível de forma a produzir algo novo e único. Só a sua capacidade de combinar, que é criativa e diplomática, pode encontrar novas saídas ou soluções.

Talvez possamos tornar este encontro do Sol com a Lua num momento especialmente produtivo, mas nem por isso menos difícil. Vai ser precisa muita Temperança, muita Arte…

Uma boa semana para todos! Bom Solstício!

Imagem: Aquarian Tarot, de David Palladini, 1970

Clara Days

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