Por Clara Days:
Ideias-chave: esperança apesar da destruição; desabar de crenças, confiança íntima; inspiração ao enfrentar adversidade súbita.
São energias que se contrabalançam, aparecendo em sequência na viagem dos Arcanos Maiores. O que uma nos traz de adverso parece ser compensado pela resiliência íntima que a outra nos fornece. Uma semana com contradições, rica de acontecimentos, assim se afigura a entrada neste ciclo solar que agora começa.
A Torre treme e faz tremer, sempre. Há qualquer coisa que tem um fim súbito na nossa vida, que se desarruma de repente, sem nos ser anunciado. Não precisa de ser ao nível prático e tangível, pode ser nas ideias, naquilo que tínhamos por certo e se torna difícil ou impossível. É sempre um desabar algo estrondoso, que nos envolve subitamente em aflição, incerteza ou dúvida. Foge-nos o chão debaixo dos pés, a poeira levanta-se e impede-nos a visão por uns momentos. Fica difícil respirar, pensar, perceber – mas passa. Logo veremos melhor à nossa volta, pelo meio dos escombros do que acaba de nos ser destruído.
E é aí que entra a Estrela, força maior do fundo de nós, esperança que nunca se deixa morrer. A Estrela lava-nos os olhos, para vermos bondade no que se nos revela agora, fora dos muros atrás dos quais nos escondíamos. Não nos mostra apenas o horizonte mais vasto, que a queda da Torre tornou visível, leva-nos a ver mais alto, a encontrar algo de sublime no que este desabar pôs a nu. Eleva-nos o pensamento, acorda a alma…
São energias de número consecutivo, o dezasseis e o dezassete, do terceiro e último septenário dos Arcanos Maiores do Tarot, onde trabalhamos a espiritualização. Na Torre, o Louco peregrino vê desfazerem-se-lhe as fantasias, mas vive também a destruição dos muros que o aprisionavam. Perde a ilusão, confronta-se com a realidade. Perdidas as crenças externas, resgata de dentro de si as suas íntimas certezas, intuitivas e verdadeiras – a essência da Estrela. Está livre e aquilo que o alenta intimamente é mais certo e mais forte do que os acontecimentos que o rodeiam.
Assim estamos, para entrar neste tempo de passagem de ano do calendário: preparados para que aconteçam imprevistos que nos “tirem o tapete”. Capazes de sentir o saber profundo, de ver o inalcançável, para poder enfrentar e ultrapassar as crises. Desarrumados, mas esperançosos.
Que assim seja…
Boas festas a todos os meus leitores!
Imagem : Tarocco Soprafino, de F. Gumppenberg, 1835
Céus!!! Rosita Iguana 
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