Por Clara Days:
Ideias-chave: rebentam as estruturas, viramo-nos para dentro; entre a destruição e a intuição; ruptura e receptividade.
Complicada combinação esta, que nos obriga a viver a destruição necessária provocada pela Torre, mas nos traz também a conexão interior que a mente em calma da Sacerdotisa proporciona. Não será fácil conciliar estes tipos de energia tão contraditórios, mas só sabendo geri-las conseguiremos progredir.
A inspiração da Sacerdotisa pede-nos uma postura nocturna e lunar, sugerindo que deixemos a mente encontrar intuitivamente os caminhos, sem procurar conduzi-la. Ela vê de olhos fechados, sente sem se aproximar, aprende com o silêncio. Guardiã do véu da sabedoria e dos mistérios da alma, não influencia nem se deixa influenciar, mas traz-nos paz interior, se lhe dermos espaço.
Já a Torre representa sempre um momento de ruptura e caos, ainda que momentâneo, que nos retira dos esconderijos onde tentámos sentir-nos em segurança. Certezas, convicções, ideias feitas, todas as estruturas mentais a que temos recorrido para nos nortear e posicionar na vida são abaladas e destruídas, independentemente da nossa vontade e poder.
Perante a destruição da Torre, que fazer? Poderá a Sacerdotisa ajudar-nos, ou será que deixaremos que o colapso das certezas nos destrua a capacidade de meditar?
A verdade é que o que a Torre destrói são estruturas precárias, que ocultavam a vastidão da realidade que nos circunda. Ser capaz de manter serenidade, deixando a poeira assentar, é a maneira de lidar com este momento de ruptura, pois o que se segue é uma abertura maior perante os acontecimentos. Retiradas as barreiras que tínhamos por protectoras, temos perante nós os vestígios das estruturas derrubadas e tudo o resto que não víamos antes, num horizonte a perder de vista, cheio de novos caminhos por descobrir.
Se não conseguirmos gerir o nosso estado emocional, sentir-nos-emos abalados pela Torre e bloqueamos um caminho de abertura interior. Focarmo-nos em manter a calma e tomarmos uma postura mental de Sacerdotisa, neste ambiente de confusão, será o que nos vai ajudar: perante o que nos parece um desastre indevitável, há que conseguir a concentração interior suficiente para deixar surgir novas ideias, que precisam de tempo íntimo e de espaço para nascer, luminosas e espontâneas.
A Torre é Marte, a irromper aguerrido, sem dar tréguas nem ter contemplações. A Sacerdotisa é a Lua, com a sua luz suave, a iluminar para dentro. O que acontece com a Torre passa-se à nossa volta – a Sacerdotisa teremos de ser nós, cada um consigo. Teremos de deixar acontecer e meditar, a solução virá depois.
Uma boa semana para todos!
Imagem: Ostara Tarot, de Morgan Applejohn, Julia Iredale, Krista Gibbard e Eden Cooke, 2017
Céus!!! Rosita Iguana 
Deixe um comentário