Por Clara Days:
Ideias-chave: entre o sacrifício e a reacção instintiva; procurando ajustar contemplação com compulsão; ou espero, ou transgrido.
Complicada combinação esta agora, que nos faz ter de procurar um equilíbrio entre a necessidade de ficar imóvel, em suspenso, e a capacidade de reagir de acordo com o instinto, sem respeito por regras ou conveniências.
Com o Dependurado a mensagem é clara: o melhor é ficar quieto, observar o que se passa à volta, procurando ver a realidade com um olhar diferente, que nos faça encontrar uma nova perspectiva na acção futura. Há aqui um misto de impotência e sabedoria, pois a ideia é tirar o máximo partido da imobilidade e não apenas sentir-se paralisado pelas circunstâncias.
Mas o Diabo propõe-nos toda uma outra postura: sigamos o que nos pede o instinto, levemos avante até as compulsões, é apenas problema nosso e estaremos prontos para sofrer as consequências. Ele é libertário e será também libertino, se lhe aprouver. Assim, a imobilidade apenas lhe surgirá como resposta se for essa a sua vontade primária e irreprimível.
Pelo meio, pairando ainda e vinda de há duas semanas, a Justiça pede que nos ajustemos em função das circunstâncias, que saibamos avaliar as causas e consequências de cada decisão e cada acto.
Neste quadro assim traçado, onde me situo? Para onde me viro? Fico parado ou reajo, observo ou atiro-me às feras? Sugiro activar a Justiça, isto é, avaliar bem a situação. Seguir o impulso do Diabo implica correr riscos, ficar em suspenso à espera de melhores dias exige um controle dos impulsos que parece estar difícil. Consigo ser cerebral o suficiente para fazer o exercício ponderado da escolha antes de agir ou de não agir?
Pode haver vantagens e inconvenientes em ambas as soluções, é um lugar-comum que se aplica bem aqui e agora. Terei se saber ponderar bem, ciente de que ambas as saídas são possíveis, embora radicalmente opostas. Poderei preferir a imobilidade, há nisso uma exigência de auto-controle, que estou capaz de activar, e terei uma visão mais clara e renovada do que se passa; poderei antes deixar-me levar pela reacção mais primária, há riscos que vale a pena correr, quando apenas me afectam a mim, pois estou capaz de lidar com o que daí vier.
Portanto… que cada um avalie, que avalie de acordo com as suas circunstâncias específicas. Pode ser fraco conselho, mas as cartas estão assim lançadas.
E… uma boa semana para todos nós!
Imagem 1: Zillich Tarot, de Christine Zillich, 2018
Imagem 2: Tarot of Oppositions, de Pierluca Zizzi e Michele D’Aloysio, 2021

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