Energias de 7–14/9/25 – A SACERDOTISA II entre O IMPERADOR IV e o HIEROFANTE V

Por Clara Days:

Ideias-chave: a intuição entre a autoridade e a tradição; o que sinto ou o que devo respeitar; o espiritual, o social e o preço da pertença.

Tudo se joga a nível pessoal, embora esteja profundamente dependente do que se passa com os outros. A espiritual Sacerdotisa tem de lidar com os poderes prescritores do Imperador e do Hierofante, que a condicionam e obrigam. Como gerimos o nosso estar?

Comecemos por ela, intuitiva e nocturna, que vem acompanhar o eclipse da Lua Cheia de hoje. Representa aquilo de nós que se não vê, o que se vê sem olhar, o que se sabe sem aprender. É o Yin, contemplativo, sereno, vivendo no silêncio e na quietude individual. Pede que nos reservemos dos olhares externos e iluminemos, sem palavras, os recantos dolorosos da nossa alma, por isso precisa de recolhimento e meditação. É a Lua, astro sereno, é água universal.

Não pode, pois, ser mais contraditória com o poder rígido do Imperador, pai autoritário que impõe regras para controlar e gerir a vida colectiva. Mais ainda, também, com o reforço da autoridade moral do Hierofante, que se exerce pela imposição da tradição como condição de pertença ao grupo com que nos identificamos. Em termos simbólicos, postas as coisas nestes termos, digamos que há aqui uma profunda contradição entre a energia “feminina” da Sacerdotisa e as energias “masculinas” que caracterizam os outros dois Arcanos Maiores que nos visitam agora.

Volto a perguntar: como gerimos, então, o nosso estar? A quem damos primazia? Ao apelo interno do subconsciente que precisa de sossego e interiorização ou à conjuntura externa reguladora, que nos impõe condutas para nos integrar? O peso conjunto dos dois elementos masculinos, no lado social e no ideológico, representa um condicionamento muito forte, ao qual dificilmente se pode fugir apenas pela via espiritual – mais ainda, quando o Hierofante se considera no direito de nos controlar as ideias.

Mas esta forma de pôr as coisas parece diabolizar os papéis dos Arcanos 4 e 5, o que não é justo. Eles correspondem à necessidade de pertencer a um grupo, própria do ser social que somos, que é nossa condição natural também. São reguladores porque essa é a condição do saber estar em colectivo, e podem ser também, na mesma medida, protectores, pois as regras sociais e as directrizes ideológicas fazem o cimento que une as pessoas, no plano prático e no mental.

Sugiro, então, que procuremos conciliar: estejamos preparados para as pressões do colectivo que se vão exercer sobre as nossas vidas, reservando tempo e espaço para uma meditação solitária que nos ponha em paz interior. A Sacerdotisa será assim a nossa condição pessoal de bem-estar, no apelo temporal da vida em comum que se impõe neste momento.

Uma boa semana para todos nós!

Imagem : Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2021 (2ª ed.)

Clara Days:

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