Por Clara Days:
Ideias-chave: moderação e reparação; desconstrução e recombinação para redimir o passado; transmutação em equilíbrio.
Continua a Temperança, vem o Julgamento: é preciso encontrar as estratégias equilibradas que nos permitam criar condições de ultrapassar as dificuldades que temos sentido. Seremos capazes?
Comecemos pelo que nos sugere a companhia da Temperança, integradora de opostos, capaz de desconstruir situações para recombinar os seus elementos de uma nova forma, mais produtiva e progressista. Ela pede-nos auto-domínio e capacidade de encarar as situações difíceis da vida a partir da análise das suas componentes, para poder combinar de um modo criativo e positivo os elementos que as determinam ou afectam, transformando as dificuldades em possibilidades inovadoras.
Já o Julgamento, também chamado de Eão (termo que deriva de divindades gregas que correspondem a atributos mentais ou espirituais, podendo ser traduzido como “idade”), refere-se a um momento de “insight”, de iluminação, em que somos capazes de olhar para a vida passada de um patamar superior e entender-lhe os contornos e os sentidos, não nos deixando iludir por pormenores ou detalhes desnecessários. Essa tomada de consciência abre caminho a que nos regeneremos, dando-nos o ânimo para perspectivar um futuro em que a nossa vida se transforme.
Na semana que passou tivemos já a inspiração da Temperança, numa companhia mais pessoal, orientada para nós e os nossos mais próximos, com a doce e maternal Imperatriz, arcano 3. Agora, com o Julgamento, numerado a 20 e o penúltimo dos Arcanos Maiores, subimos para um patamar mais abrangente e globalizante. É como se se nos eleve a tomada de consciência sobra a situação em que nos encontramos e seja possível ter uma visão ampla do passado recente, perspectivada para o perdão pelas falhas e a ultrapassagem dos problemas relevantes. Seremos capazes de o fazer, inspirados pelo Julgamento, usando a estratégia da Temperança: através da análise, desconstrução e recombinação dos factores problemáticos que se nos têm apresentado.
Tudo isto parece prometer muito, mas dependendo da nossa capacidade de lidar com as situações. Há muito esforço racional para fazer, é preciso calma para nos conter, se quisermos conseguir algum resultado. E por resultado entenda-se a visão de saídas, através do perdão e da regeneração criativa. Isto exige uma atitude de contenção e alguma capacidade de distanciamento, numa visão de cima para baixo, para que sejamos capazes de interpretar o nosso passado e limpá-lo dos pesos da culpa ou do medo, com uma análise serena, visando a compreensão e a reparação.
Uma boa semana para todos nós!
Imagem : JJ Swiss Tarot, de Johann Georg Rauch (editor), 1831 – 38

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