O Touro

A constelação do Touro marcava, no tempo dos Sumérios, 4.000 anos antes de cristo, o início da primavera, por volta do que é, no nosso calendário actual 20 ou 21 de Março. No entanto, por causa da precessão dos equinócios, nessa manhã de 20 ou 21 de Março, o Sol levanta- se no horizonte num local diferente do ano anterior, medido contra o funda das constelações de estrelas fixas.  Entre o ano menos 6000 e menos 4000, surgia na constelação de Gémeos- De há 4 mil anos até cerca de 2000 anos antes de Cristo, o Sol surgia no céu a 20 de Março, contra a constelação de Touro. De cerca de 2000 anos antes de Cristo até  cerca de 200 Antes de Cristo, nasceu em Carneiro, daí até 2015, nasceu com a constelação de Peixes e desde 2015 que é a constelação de Aquário que o Sol tem como pano de fundo no dia em que dizemos que começou a Primavera…o Sol demora cerca de 24 mil anos a dar uma volta ao zodíaco e voltar ao ponto de partida. 

Esta precessão dos equinócios era conhecida do antigos, tanto nos calendário das civilizações indígenas da América como na Índia e civilizações do Mediterrâneo. Platão chamava a este ciclo de 24 mil anos o Grande Ano.

Indo do Oriente para Ocidente, em ciclos de 2 mil anos e deixando para trás a era do Caranguejo e das sociedades matriarcais do Pacifico e a era dos Gémeos e do Ying e Yang na China,  – há 4000 anos atrás, a constelação do Touro, contra a qual o Sol se erguia quando a primavera dava sinal , marcava por isso para os povos do médio oriente e ìndia o início do ano astral pontuado sempre pelo ciclo de passagem do Sol nessa constelação cujo simbolismo sacralizou as vacas na índia, o boi Ápis ou Mantu no Egipto, o Minotauro em Creta. Seguiu-se na História dos tempos simbólicos a rejeição de Moises do bezerro de Ouro em nome de uma nova era em que eram os Carneiros os sacrificados nos altares a Deus- tradição ainda hoje respeitada na Pascoa judaica e cristã. 

Mesmo há 15 mil anos atrás, na era do Escorpião, já o Touro que se lhe opõe e que começa a ser visível no hemisfério Norte em finais de Outubro era retratado como bisontes selvagens nas caves de Lascaux, juntamente com as Pleiades, ou 7 irmãs, estrelas a norte da constelação do Touro  que em Novembro são particularmente visíveis, segundo as conclusões do especialista do Calcólitico da Universidade de Munique que analisou as representações nas paredes de pedra da gruta. 

As estrelas mais visíveis da constelação do Touro são Aldebaran, Elnath e Alcyone.  A interpretação dos impactos das estrelas fixas vem de longe e a violência dos seus atributos não cai bem na astrologia moderna mas não deixa de ser interessante perceber como eram entendidas pelos antigos, árabes e gregos. 

Aldebaran é a mais brilhante – é mesmo a décima terceira estrela mais brilhante dos céu. Aldebaran é da natureza de Marte, dá honra, inteligência, eloquência, integridade, ganho de poder e responsabilidade pública, riqueza e prominência mas os seus benéficos nunca são duráveis e há o perigo de violência.  

Elnath é da natureza de Marte  e Mercúrio. Também traz fortuna , eminência pela força da comunicação. 

Alcyone faz parte das Pleaides, no ombro do Touro e é o nome da filha de Atlas,  seduzida por Poseidon. Traz amor passional, prominência, cegueira derivadas de febres, sarampo e acidentes que afectam a cara. Alimenta ambição, turbulência, muitas viagens, inteligência activa e morte violenta. Tem a natureza de Marte e da Lua.

Foi o domínio do Touro – e das vacas –  desde há 4.000 anos que nesse tempo permitiu a sedentarização dos povos, a agricultura, o trabalho lento da terra com arados puxados a bois, a produção de cereais acima do consumo, a sua poupança  para o inverno e toda uma nova organização de sociedade, fértil, apoiada na força, resiliência e garantias que o Touro dava  -e por tudo o que dava era sagrado. Não há força bruta que mova o Touro, nem é pelas ameaças ou medo que o Touro se levanta. O Touro é sólido, rígido, teimoso, de uma só vontade, fiel, leal.  É um signo feminino porque o desenho que as estrelas da constelação formam nos Céus era visto de forma não agressiva como se o Touro olhasse para o lado, de modo suave, privado.  Esse lado feminino é reforçado pela regência de Vénus e exaltação da Lua em Touro. Vénus ou Innana ou Ishtar  ou Aphrodite ou Isis irmã do deus osiris, são deusas da agricultura, jardins, fertilidade, desejo e prosperidade e nos mitos sumérios, egípcios, gregos ou romanos, as deusas enviam o Touro para matar inimigos, defender a sua propriedade ou é o Touro que é usado pelos Deuses para cativar as deusas e o seu sucesso consagrado. Do épico de Gilgamesh da Mesopotamia em que Ishtar usa o Touro para se vingar à mitologia grega e romana, o papel do Touro, o simbolismo, é idêntico. O touro materializa o desejo. Defende os interesses de Ishtar contra Gilgamesh,  ou é Zeus disfarçado de Touro branco que rapta a princesa fenícia Europa ou noutro mito o Touro é Io, uma amante de Zeus, que hoje em dia que deu nome a um satélite de Júpiter. Também os druidas tinham um dia de calendário dedicado ao Touro associado á fertilidade da terra e aparentemente o Buda nasceu numa Lua Cheia quando o Sol passava pelo Touro.

Em suma, simbolicamente é por intermédio do Touro que deuses e deusas adquirem o que pretendem ou respondem ao desejo, ao mesmo tempo que o equinócio em Touro trazia a fertilidade das terras e a riqueza. Com Buda, o desejo de ascenção espiritual passou a fazer parte também do arquétipo do Touro. Não só mais posse material ou física mas também mais posse das áreas do transcendente. Não podemos esquecer que a primeira escrita de que temos sinais aparece na Suméria exatamente durante essa era do Touro em que os sumérios apontavam não só o movimento dos céus mas também a contabilidade agrícola em tabuas com a famosa escrita cuneiforme.  Temos também aqui um propósito prático e a sua materialização. 

O que representa o Touro?

Para os Helénicos, o Touro era o Norte mas também o vento do Sul, era um signo feminino, da noite, da terra, da primavera. Era um signo sólido, fixo, potente.  Vénus tem o domicilio em Touro enquanto que Marte aí está em deterimento. A Lua está exaltada em Touro. Vénus rege os Touros nascidos durante o dia e a Lua rege os Touros nascidos durante a noite.  No que respeita aos graus, Vénus rege de 1 a 8, Mercúrio rege de 9 a 14, Júpiter rege de 15 a 22, Saturno rege de 23 a 27 e marte rege de 28 a 30. Isto dentro dos três decanatos em que o primeiro é regido por Mercúrio, o segundo pela Lua e o terceiro por Saturno.

Para os astrólogos modernos para além da classificação dos gregos, Plutão está em deterimento em Touro e Urano em queda.

No Thema Mundi que começa em Caranguejo Touro está na 11 casa o que simboliza a riqueza vinda do cosmos. No corpo é o pescoço, a garganta, as glândulas aí situadas, os problemas de pele e os ombros que são regidos por Touro. Os Touros quando cantam cantam…

Valens, astrólogo grego de Alexandria, os traços de personalidade do Touro estão ligados aos trabalhos manuais que produzem resultados palpáveis como a agricultura, o artesanato, a preservação ou restauro das coisas.  Os cuidados de beleza própria ou cuidado da beleza dos outros também são atributos do Touro e aqui a arte também está incluída quando materializa um conceito estético próprio.  Quando o ascendente ou Lua estão em Touro as características boas e más são mais proeminentes. Casas de campo, temas florias, cores de terra, madeira, adobe, terracota, materiais naturais são os preferidos e a durabilidade, solidez e consistência sobrepõe-se à criatividade ou design na escolha mas muita da felicidade vem da organização do belo ou bom, delicioso quando se trata da cozinha….  A força espiritual apoia-se nesse cumprir da responsabilidade não pela ordem como saturno em Capricórnio mas pelo amor e dedicação a alcançar bons e belos e sensíveis resultados porque é de Venus e da Lua que se trata.

Esta já é uma visão da astrologia psicológica do sec xx.  Marcus Manilius, do primeiro século depois de Cristo poeta e astrólogo deixou a mais antiga referencia escrita sobre o Touro indicando que a busca de perfeição física e graça feminina muitas vezes se deteriorava em perversão sexual.  Cinco séculos mais tarde, Firmicus Maternus que viveu nos tempos do imperador Constantino, astrólogo e cristão, carregou nas características negativas do Touro acusando os seus nativos de excesso de luxuria, perfumes, banquetes, crimes de paixão, adulação e até os homens de tirar todos os pelos do corpo para reforçar a sensualidade..

No século XVII, William Lilly em Inglaterra aponta a ambição da posse, a turbulência da contrariedade, a cólera, a gravidez indesejada, a vida de bordel e por fim problemas graves de visão como sombras negras sem redenção dos nativos do Touro… 

Hoje em dia associamos o Touro a casa 2 do zodíaco, a casa dos nossos valores, do que conquistamos, ganhamos, juntamos, agarramos, do que nos dá prazer , continuamos com o sistema de regências antigo a que acrescentamos Plutão e Urano para o detrimento e queda o que faz sentido porque a força de Plutão é transformadora e em touro está limitada pela sua rigidez assim como a queda de Urano que quer inovar e se enterra literalmente no Touro tendo o esforço de ser muito maior para que se faça a diferença em ambos os casos, podendo mesmo ser impossível dados outros factores do horóscopo. …..