Por Clara Days:
Palavras-chave: fecundidade; fertilidade; fisicalidade; sensitividade
Vinde a mim, que o meu colo chega para todos. Conectai-vos com o corpo, com a Terra, com o Mar. Focai-vos nos sentidos, esquecei por agora as palavras. É tempo de ser e de estar.
Soltai o pensamento, deixai o que é mais profundo e espontâneo de vós manifestar-se, sem atropelos. Ligai-vos à infância, acarinhai, olhai os outros com os olhos do sentir. O que tiver de acontecer acontecerá, agora é importante viver com o corpo e os sentidos, numa sensualidade serena, no sentido mais amplo da palavra.
Uni o que está dentro ao que está fora. Sois um todo que deve celebrar o simples facto de existir. Quantas vezes vos desligais do vosso ser físico e desrespeitais o vosso corpo?
Cuidai de vós como quem cuida de um filho, cuidai dos outros como se cada um fosse um filho. Cuidai do lar. Cuidai dos animais, das plantas, aceitai a chuva e o vento, mas protegei-vos das tempestades.
Descansai do vosso ser social, encontrai tempo para vós. Não é egoísmo, é a vossa natureza a ser respeitada. Há o Universo, os planetas, a Terra, a ordem cósmica de milhões, biliões, triliões de anos; quanto valem os vossos problemas mundanos?
Dai tempo ao acontecer, vivei no aqui e agora. Encontrai-vos com quem sois, por um momento que seja. Criai os momentos para ser.
Sou Gaia, Mãe Terra. No Tarot chamam-me Imperatriz, Criatividade, Senhora, Fertilidade, Madonna, Jardineira… Desenham-me régia, mas natural, no trono, mas junto de espigas, frutos, flores ou animais; coroada de estrelas. Desenham-me grávida.
A letra hebraica que me corresponde é DALETH, a porta. O meu número 3 é a união do 1 com o 2, o ser criado, nascido. Dão-me o título esotérico de “Filha dos Poderosos Uns”.
Na Astrologia, sou Vénus, representante do amor, dos afectos, das relações, a Vénus que procura harmonizar. Rege os signos de Touro e Balança, apela ao sentido estético e à concórdia.
A semana que temos pela frente pede que procuremos a harmonia connosco. Pede que pensemos no nosso bem-estar primário, que demos ao corpo o que ele precisa. Na lufa-lufa do dia a dia, ocupamo-nos excessivamente com o que fazer, com tarefas contínuas, sujeitos a ruídos contínuos que quase nos impedem de pensar.
É preciso desligar o telemóvel, desligar a tecnologia, silenciar o ruído, voltar ao essencial. É preciso que nos demos tempo de ócio, que procuremos no que é natural o nosso repouso. Por muito que estejamos pressionados pela vida social, é imperativo que nos viremos para nós.
Fazer uma caminhada na natureza, pelos campos, num jardim, junto ao mar. Tomar um bom banho em silêncio, à luz de velas. Estar com aqueles que amamos totalmente dedicados à companhia, ao acolhimento. Procurar um espaço de significado especial para nós e aí ficar, tranquilo, em contemplação. Ocupar as mãos na produção de algo belo. Ouvir sons harmoniosos e que nos comovem, os pássaros, o mar, o regato que corre, o crepitar duma lareira, a música…
É preciso concentrar a nossa atenção no que é belo e que está ali todos o dias, no lugar para onde já não olhamos, porque estamos distraídos pela rotina imparável. Cozinhar para os outros, pondo amor em cada gesto. Juntar amigos à volta duma mesa, conversar e rir com eles. Brincar com as crianças. Deitar cedo para uma boa noite de sono. Também meditar, esvaziando o cérebro de pensamentos intrusivos, desconectando do que nos traz angústia ou desassossego.
Dir-me-ão: não tenho tempo, é impossível. Mas é sempre, sempre possível. Por uns minutos, ou por umas horas. É sempre possível, quando compreendermos o quanto isso é indispensável para a nossa saúde, o nosso bem-estar. Porque é assim que recarregamos baterias, para sermos realmente capazes de responder aos desafios da nossa vida.
É preciso respeitar o nosso corpo. Ele é o nosso santuário.
Imagem : Tarot Zillich, de Christine Zillich, 2018
Céus!!! Rosita Iguana 
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