Energia para a Semana 16-23/2/20 – X A RODA DA FORTUNA

Por Clara Days:

Palavras-chave: ciclo; movimento; destino; karma.

Que parte do meu destino está nas minhas mãos determinar? Sou vítima do destino, ou seu obreiro? Quantas vezes colho do que semeei, nas voltas da minha vida?
Tudo ao meu redor gira e se movimenta, em ciclos permanentes, ainda que eu possa não o sentir: a transição da noite para o dia, ou a Lua, que cresce e mingua, como cresce e mingua a maré; a Natureza, do Inverno para a Primavera, para depois ser Verão, Outono e novamente morrer numa morte aparente, para poder renascer. A vida e a morte entrelaçam-se, porque cada ser vivo vai ser alimento de outro, desde o predador e a presa, até à decomposição da matéria orgânica, que cria alimento para novas vidas vegetais. Destes ciclos intermináveis é feita a Roda, Arcano Maior número Dez que é da Fortuna mas também é da Vida.
Mas, da minha Roda, que faço eu? Que faço das oportunidades que me surgem, como escolho, para onde oriento as minhas decisões? Como trabalho, para criar as oportunidades que mereço? E como me ajusto, quando o que a vida traz me deixa sem chão, mas preciso de prosseguir?
Na mitologia dum desejo de encontrar sentido, na origem deste Arcano, a Roda é do destino, encarnado na Fortuna, a dama vendada que a faz rodar e que diz, metaforicamente, aos poderosos que, um dia, cairão – mas que não pode prometer aos desprovidos que, um dia, reinarão.
No Tarot, representa o princípio da Mudança. Assim considerada, as leis da Física também falam dela, ou do conceito que lhe subjaz, quando contam do quanto o perpétuo dinamismo entre atracção e repulsão, entre energia positiva e negativa, é a condição maior para a existência de cada partícula que constitui a matéria. Por este prisma, é como se a ideia de mudança da “roda” seja, talvez, a força maior, a que reina sobre a matéria, sobre o que existe no universo.
Para as acções humanas, e olhando a vida com um olhar filosófico, há a Grande Lei do Karma, de teor simbólico paralelo, que me diz que de tudo o que fizer terei retorno, que da bondade, bondade virá, e da maldade, maldade de volta.
Haverá acaso? Haverá destino? Ou tudo se passa numa sucessão de momentos únicos e irrepetíveis, mas em que o simples bater de uma asa de borboleta pode ser a origem de uma tempestade, no outro lado do mundo, como nos diz a teoria do caos?
A Roda da Fortuna pede que eu tome consciência de que sou partícula do dinamismo cósmico, mas lembra que o que escolho e faço interfere e determina, também, o que vai acontecer. Não é indiferente, se fico parado ou me activo, se confio ou não, e, quer por pensamentos, quer em acções, tenho o poder de mudar o que está fora de mim, ou, quando o que está fora se me impõe, tenho o poder de reagir, ainda que internamente, em meu favor.

A Tradição do Tarot chama-lhe “Roda da Fortuna”, ou simplesmente “Roda”, mas baralhos inspirados noutras origens podem designá-la como “Roda das Reencarnações”, “da Vida”, “do Ano”, “do Tempo”, “Espiral da Fortuna”, “Esfinge” ou “Mudança”.
As representações visuais tradicionais da carta mostram a Dama Fortuna fazendo girar a sua roda de madeira, ou apenas a própria roda, mas agarrada à qual personagens humanas ou animalescas ascendem e descendem. Vê-se, na postura das que sobem, a positividade do movimento, nas que estão no topo sinais de glória, nas que caem o desespero ou o desfalecimento. Frequentemente, a imagem surge rodeada pelos símbolos dos elementos que representam as funções psicológicas básicas: sensação (Terra), emoção (Fogo), pensamento (Ar) e intuição (Água). Os baralhos mais recentes, fruto duma época que cruza filosofias de pensamento e de espiritualidade, utilizam recursos simbólicos das mais variadas origens, mantendo sempre um elemento circular como figura central. É frequente haver uma alusão clara à sucessão das estações do ano.
A letra hebraica que corresponde a este Arcano Maior é KAPH ou KAF, a mão fechada, ou punho. O seu número 10 é a base de estruturação do nosso sistema numérico e na numerologia comum reduz-se ao 1, o início. Título esotérico da carta: “O Senhor das Forças da Vida”.
Astrologicamente, o Arcano 10 está associado a Júpiter, planeta da expansão positiva, inspirador de empreendimentos de maior envergadura. Há nele uma componente que representa sorte, generosidade ou benevolência. É um planeta benéfico, correspondendo a personagens como o protector influente, o amigo generoso ou o juiz magnânimo.

Como poderemos viver a inspiração desta “Roda da Fortuna”, na semana que começa?
A carta tem a ver com movimento e mudança, mas deve ser orientada no sentido da responsabilização de cada pelos seus actos e respectivas consequências, quer para a sua vida, quer relativamente aos outros e ao que o rodeia.
É tempo para agarrar oportunidades ou descartá-las com coragem, se se revelam ameaçadoras ou traiçoeiras. É tempo para tomar as decisões que possam já ter amadurecido, ou mesmo algumas que surjam dum imediato a que seja preciso responder. É tempo para avançar.
Esta importância de agir não significa, necessariamente, uma mudança de ciclo: a carta representa mudança, movimento, mas pode, neste momento, corresponder a uma de várias etapas, conforme a situação em que nos encontramos.
Uma coisa é certa: será uma boa altura para decisões, mudanças e progresso. Nas últimas semanas, temos vindo a ser inspirados por Arcanos mais introspectivos, discretos ou moderados; desta vez, há um claro apelo a que se passe à acção. As indecisões precisam de ser ultrapassadas.
Quebremos a inércia, tomemos o destino em mãos: é tempo de fazer acontecer. A seu tempo, virá depois o retorno, ou a lição.

Imagem : Tarot Alchemical Renewed, de Robert M. Place, 2015

Clara Days

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