Por Clara Days:
Palavras-chave: independência; instinto; preservação; compulsão
Venha o que vier, seguirei o meu caminho independente. Venha o que vier, guiar-me-ei pelo instinto, pelo saber profundo que vem do meu ser, criado para me preservar e proteger. Não temo, não obedeço, mas tão pouco ataco: sou libertário. Na verdade, assumo a condição da solidão, remo contra a corrente se for necessário e arrisco sempre, quando acredito que é para o meu bem. Os outros que sigam em rebanho, pois se eu fosse ovelha, seria a negra; mas sou lobo solitário, patrulhando na noite o território e caçando para meu exclusivo consumo.
Que se danem os governos e as regras, que só sigo quando são a meu favor. O colectivo não me integra porque assim escolhi, doa o que doer, ou a quem doer. Não atrapalho os outros, saiam então do meu caminho. Há um inimigo que receio, no entanto: é compulsivo, mora dentro de mim e tende a empurrar-me para o abismo da adicção. Contra esse, tenho que me prevenir, pois representa a minha fraqueza e pode ser a perdição. Preciso de estar vigilante, a qualquer momento arrisco escorregar e cair na armadilha. Quanto ao resto, tanto faz, nada travará o meu percurso.
Se a minha situação é confortável? Certamente que não, assumo isso. Não é confortável, nem conveniente, há mesmo quem diga que não é respeitável. E, no entanto, sou respeitado, porque me faço respeitar. Não incomodo, não me incomodam, deixam-me estar e fazer ao meu jeito. Assim sigo, temerário e determinado, caravela com rumo no meio da tempestade. Estou decidido a ser como sou, haja o que houver. Venha o que vier…
Imagem : Star Tarot, de Cathy McClelland, 2017
Deixe uma Resposta