Energias para a Semana 2-9/5/21: O CARRO (VII) e A LUA (XVIII)

Por Clara Days:

Palavras-chave: desapego íntimo; viagem do espírito; partir para me encontrar.

Há momentos assim, em que a vida me mostra que não vale a pena ficar no lugar onde nada mais há para aprender, trazendo-me o impulso para o desapego. Nestas alturas é o Carro que me traz a energia de que preciso, levando-me para outro lugar, protegido, mas sem bagagem. Levo a memória e algumas feridas por sarar, que a Lua me ajuda a encarar.Há tantas formas de partir, tantos caminhos para explorar…

Parto para ser fiel a mim, parto por dentro, ainda que possa ficar no mesmo lugar. A viagem de que preciso é interior, mas nem por isso isenta de riscos (ou de esperanças…?) – é preciso coragem para a caminhada.Arriscar o desapego é dar-me permissão para largar as amarras que me têm mantido agarrado às escolhas que fiz e que tenho mantido.

Talvez o contexto tenha mudado, mas a Lua mostra-me que também eu mudei, ou até fui apenas eu quem mudou. Isto é importante e devo a mim próprio o reconhecimento de que estou provavelmente desajustado. Parto, para me encontrar. Não fujo de mim, dos meus medos ou das mágoas passadas, a viagem passa por eles, um a um. Ao decidir que não posso mais ficar como estava, estou a assumir que é para me conhecer melhor. Assim, deixo o porto, em tempos seguro, que me prendia e sigo para o mar alto das emoções e dos sentimentos, onde moram os monstros que me atormentam.

Visito cada lugar interior que sofre ou anseia, e que tenho tentado ignorar. Procuro as causas, ilumino docemente os vestígios de cada batalha interior, de cada derrota passada. Aqui, magoaram-me. Ali, fui injusto ou injustiçado. Acolá, entreguei o coração a quem me não merecia. Onde estão aqueles que partiram de mim para outro mundo?Vou armado, como o guerreiro que comanda o seu carro, a minha armadura é feita da determinação que me anima e da convicção de que a jornada vai ter um rumo de bom augúrio. Foi como se, de repente, esta vontade de seguir em frente trouxesse uma lucidez diferente, uma honestidade de alma, a força para encontrar a verdadeira coerência, que é quando acerto a vida externa com quem intimamente sou. A meta será essa, talvez nunca a alcance plenamente, mas tenho o dever de caminhar na sua direcção.

Quero acertar-me com quem sou, eis o resumo. Quero pacificar-me por dentro, definir novas prioridades, mais consentâneas com o que verdadeiramente sinto. Os abismos que trago em mim não podem ser insondáveis, o meu trabalho é explorá-los e tentar iluminá-los. Nenhum sofrimento é legítimo, quando tenho o dever de tentar ser mais feliz, de procurar criar as condições para mais felicidade.

Viajo, sozinho, nos mares da minha alma. Sou forte, porque assumo as minhas fraquezas, é essa a grandeza que tenho ao meu alcance.

Imagem : Tarot de Anna Maria d’Onofrio, 1999

Clara Days

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