Por Clara Days:
Ideias-chave: entre a sombra e a inspiração; intimidade e destino; enfrento os meus fantasmas, tenho fé no futuro.
Os dias que aí vêm adivinham-se intensos, na minha vida interior. Quando a Lua me vem inspirar, leva-me por caminhos sombrios, pelas profundezas da alma. Desta vez, acompanhada pela Estrela, pode trazer-me uma dose adicional de esperança e fé, que me ajudará nessa jornada.
A Lua mostra-me, de mim, o lado escondido e magoado, faz-me encarar as facetas da minha vida que eu prefiro ignorar, ou esconder. Com a sua luz suave, ela faz-me ver o que eu guardo nos recantos mais escuros da memória e, se eu me souber deixar levar, explica-me as raízes antigas do meu sofrimento. É a guardiã do subconsciente e pode trazer-me momentos confusos ou angustiantes, ao provocar o contacto intenso com a minha própria sombra, feita dos meus medos, segredos, traumas e feridas.
Mas a Estrela eleva os meus propósitos para um plano superior, dando-me confiança e esperança. Quando a Estrela brilha em mim, põe ao meu alcance os anseios mais puros e verdadeiros, em pensamento. Abre-me a uma visão do mundo mais global, mais integrada com as forças transformadoras do Universo. Ela permite-me avaliar o quanto as minhas ideias, percepções e crenças podem estar ultrapassadas, fazendo-me questioná-las e dando-me ainda a capacidade de as repensar e renovar.
Actuando juntas, a Lua empresta à Estrela uma dimensão de interioridade, enquanto a Estrela traz à Lua o contributo da esperança. Posso oscilar entre um plano e outro, ou posso procurar compatibilizá-los e engrandecê-los nesse encontro. Mas pode ser que haja momentos contraditórios, em que o meu confronto comigo me afasta da Estrela, ou em que a verdade da Estrela torna impossível a iluminação do meu lado Lunar.
Posso ir longe, de mim para comigo ou no meu lugar, mas num plano mais universal. Lembremos que o Louco peregrino, personagem omnipresente das leituras de Tarot, percorre desta vez dois Arcanos Maiores da fase final da sua viagem, dois representantes de elementos celestes que integram uma etapa genérica superconsciente, transpessoal e transcendente. Ser capaz de trabalhar de modo positivo com estas duas cartas, Estrela e Lua, presume um nível de consciência bastante completo e elevado. Longe estamos das primeiras aprendizagens do ser, consagradas nos Arcanos do princípio da viagem. Agora, tudo me encaminha para uma percepção mais complexa, e ainda que não se leia aqui um tempo de agitação exterior ou intervenção mais virada para a prática, tenho oportunidade de me encontrar comigo num patamar mais profundo e de elevar os meus propósitos, bases essenciais para poder, numa futura intervenção, actuar de modo mais seguro e orientado.
Com a Luz da Lua, ilumino a sombra, mas com a Estrela abro-me ao Todo.
Imagem: La Corte Dei Tarocchi, de Anna Maria d’Onofrio, 1999

Que linda interpretação!