Energia para a Semana 5-12/1/20- XIII A MORTE

Por Clara Days:
Palavras-chave: ruptura; eliminação; transformação; renascimento.

Aqui, nada se passa docemente. É imperioso terminar o que já não serve, para dar espaço ao novo.
A vida faz-se em ciclos, certo. Há transições naturais e graduais, mas também há estas: incontroláveis, radicais, absoluta e inexoravelmente necessárias. Onde é preciso decidir, doa o que doer.
De que serve andar na vida, se arrasto comigo o peso do que foi, do que me ocupou, mas que agora é peso morto? De que me serve negar ou ignorar o que já não faz sentido, só porque já me habituei, porque resisto à mudança? Como posso evoluir, crescer, transformar-me, se tenho o meu eu interior fechado, cheio do que, no fundo, apenas magoa?
Então vem a Morte, semente de vida nova. Tal como na Natureza. De dentro para fora, da consciência para a acção. Nada voltará a ser como era, mas é crescimento, é evolução. Por muito que eu a sinta violenta e implacável, só quando a assumir por inteiro a minha vida pode recomeçar – com novos parâmetros, noutro patamar, rumo a metas diferentes.
Vem a Morte, impulsionando-me a deitar fora os trastes velhos que deixei encher de pó, dentro de mim, limpando a minha “casa” para deixar entrar ar novo, criando espaço para que eu recomece sem essa tralha que já me fazia tropeçar, desviar-me, encolher-me num canto.
Todos receamos o desconhecido, é da nossa natureza humana. Mas todos sabemos que, sem enfrentar o desconhecido, nunca a humanidade teria evoluído – controlando o fogo, enfrentando os mares, desafiando as mentes tacanhas… Assim cada um de nós, também: desafiando o fogo, controlando o nosso caminho na tempestade, confrontando os pensamentos retrógrados que nos impedem de progredir. Assumindo em pleno a mudança radical.
Para poder renascer. Para poder recomeçar.

Esta carta tem diferentes designações, mas foi tradicionalmente “Inominável”, isto é, nos baralhos ancestrais nem se lhe escrevia ou dizia o nome, de tão temida que era –tal como o era o seu número 13, de azar. Com o evoluir do tempo, passou a ser “Morte” e a ter novos sentidos. Hoje, o Tarot de Osho Zen chama-lhe “A Transformação”, outros designam-na como “Treze”, “Fim” ou “Imortalidade”.
As representações visuais das cartas apresentam, tradicionalmente, a imagem macabra da Ceifeira da Vida: a Morte como esqueleto, muitas vezes a cavalo, também como uma figura encapuçada, mas quase sempre empunhando a foice de cabo longo com que vai cortando caminho através de corpos humanos ou partes decepadas deles. A partir do baralho muito difundido e revisitado de Rider Waite (1910), empunha uma bandeira com a figura de uma rosa branca de cinco pétalas, que mostra a combinação vitoriosa dos elementos quádruplos e quíntuplos que compõem o cosmos. A dita rosa branca (ou vermelha) passa a surgir recorrentemente. Mais recentemente, há representações de diferentes referências simbólicas, que se desviam da imagem macabra. Pode tratar-se de uma jovem mulher bela ou de uma figura etérea, que parecem renascer, ou de outras simbologias visuais, com metáforas esperançosas.
O número 13, na tradição cristã, é símbolo de azar; mas para os cabalistas, por exemplo, representa regeneração espiritual. A letra hebraica que corresponde ao Arcano Maior Morte é NUN, o Messias, herdeiro do trono. O título esotérico da carta: “O filho dos Grandes Transformadores” ou “O Senhor dos Portais da Morte”.
Esta carta está associada, astrologicamente, ao signo de Escorpião, fixo e de Água – das águas paradas, profundas e pantanosas, onde a vida fervilha sob uma superfície calma. Escorpião, regido por Marte (combatividade) e por Plutão (poder de regeneração) é um signo de vitalidade interna, por vezes atormentada, mas capaz de enfrentar crises e assumir paixões com enorme intensidade. Aqui, nada é superficial e o instinto tem grande importância, quer na força dos impulsos e pulsões, quer na tomada de decisões.

Nesta nova semana, façamos “reset” nas áreas da nossa vida que precisam de uma mudança. Para isso, tenhamos a coragem de largar o que já não serve, definitivamente. É preciso ganhar espaço para a transformação necessária, para que ela tenha condições de acontecer.
Não é fácil deixar cair aquilo em que, em tempos, investimos o nosso esforço. Mas temos que ser capazes de distinguir, quando deixou de ter préstimo para a nossa felicidade e realização pessoal. Tomada a consciência disso, há que saber largar, deixar cair, abandonar. Dói, mas tem que ser. Temos que dominar o Ego e abrir o espírito.
O velho tem que ser arrancado da nossa vida, como quem arranca um penso da pele, sem hesitações; assim, o que magoa passa mais depressa e temos a compensação de ter feito o que era preciso fazer. Estamos preparados, abertos à mudança.
A Morte é a parteira duma nova vida. Podemos recomeçar e renascer, transformados.

Imagem: Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2013

Clara Days

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