Por Clara Days:
Palavras-chave: potencial; espontaneidade; confiança; caminho.
Quem aceita o desafio de se reencontrar? Quem tem coragem para, no meio da dificuldade, abrir os olhos para a realidade como se os abrisse pela primeira vez? Quem ousa, quem está disposto a deixar para trás o que foi e vai acreditar que o que vier, ao ser novo, tem maior potencial para ser melhor?
Hesitei em aceitar o Louco como energia inspiradora, para esta semana… Pensei, procurando ser razoável: “Como me atrevo a dar às pessoas esta mensagem de esperança absoluta, quando a vida está tão mais difícil do que antes, para a maioria?” Mas não posso fazer batota e negar o Arcano Maior que me saiu, para nos acompanhar, nesta semana de Maio.
Então, a miúda que mora dentro de mim soprou-me ao ouvido que tenho que virar ao contrário o sentido do meu olhar, porque é disso que preciso, que precisamos. Precisamos de acreditar que, se vai ser preciso mudar, se tudo vai ter que ser diferente, tudo novo, podemos estar perante uma tela em branco: porque é diferente, podemos encaminhar o nosso sentir para o viver como melhor.
Certo, agora não sabemos os contornos desse “diferente”, que virá em novos moldes, possivelmente desconstruindo a nossa confiança e as nossas certezas; sentimos o peso desta incerteza global a contaminar os nossos sonhos e anseios.
Mas para que serve a novidade, senão para olhar com ânimo para o desconhecido?
Por isso mesmo, façamos o exercício: sejamos o Louco, a criança, reconquistemos aquela confiança que nos diz que o que acontece e a maneira como o sentimos podem não coincidir, porque o direito à esperança é o mais universal de todos… Reconquistemos os sonhos, aspiremos ao que outros nos dizem ser impossível, aceitemos o que venha: mesmo que o que sonhámos se não concretize, fez-nos feliz, enquanto sonhámos.
Um sonho que se não concretiza abre caminhos dentro de nós, que não precisamos de destruir. Pode ser a raiz de um novo sonho… diferente… melhor…
Está sol. Oiço pássaros, sei que estamos na época dos ninhos, da Natureza que afirma a sua pujança, na latitude onde moro. A Primavera volta sempre e traz consigo uma força renovada, por muito duros que eu esteja a sentir os meus dias. Tudo o que já vivi me preparou para pressentir no que vivo, ou viverei, os padrões, os alertas, que me protegem, certamente, mas que devo contrariar, quando me quiserem limitar. A esperança pode ser um grito do Ipiranga, fazendo tábua rasa do que foi, anunciando uma libertação.
Pensemos um pouco mais na carta. O Louco, sendo Zero, é considerado o primeiro ou o último dos Arcanos Maiores. Tomemos a sua vinda, hoje, como sendo o último, o que já depurou a sensibilidade, ao ponto de saber que deixar acontecer pode ser virtude, mesmo quando parece inconsciência.
Que faço, quando o tempo comum me oprime o modo de vida? Aceito? Revolto-me? Ajusto-me? Contrario? Reinvento-me? Retraio-me? Parto para uma nova aventura?
O Louco sugere-me que parta, mesmo que seja só na minha cabeça… ainda que seja uma atitude interna, um modo lidar com a realidade que afaste o sentir-me mal.
Pode o Louco ajudar-me a sobreviver e a ganhar confiança? Pode trazer-me aquela dose certa de infância, que eu continuo a guardar dentro de mim, e que é capaz de se deslumbrar com a beleza que me rodeia, ainda que a veja pela janela?
Bendito seja um Louco que me descontraia, que me inspire para continuar em frente, acreditando que o que vier pode vir por bem. Bendito seja, por me dizer que estou sempre a tempo de recomeçar, lavado, aberto, confiante…
Quem aceita o desafio? Quem ousa ser o Louco? Ele é princípio ou fim, potencial absoluto, sem agenda, sem receio; vive o presente, no aqui e agora, focado naquilo que traga a luz brilhante da felicidade que mora nas pequenas coisas…
Imagem: Tarot Crystal, de ElisabettaTrevisan, 2001
Muito Obrigada pelo seu encorajamento
Muito precisamos nós seres de alguém que nos ajude a aceitar Este Tempo
—-TÃO DIFERENTE —-E….acredito que seja de evolução Espiritual
Obrigada.