…Mas porquê falar aqui de Trump e dos EUA? Porque os eclipses deste mês de Junho, o de Dezembro e os aspectos que fazem os tocam de modo particularmente relevante e o que se passa nos EUA tem impacto no mundo… pelas suas alianças estratégicas, potencial bélico e importância como maior potência económica que a todos afecta. Não vou aqui fazer a análise detalhada do horóscopo de Trump, apenas focar-me no eclipse que anunciou o seu nascimento e nos que, este ano, o põem os EUA e Trump à prova…. tanto quanto ele põe à prova a paciência do mundo…
Segundo a interpretação de Brady para o eclipse Solar série Saros 2 Novo Norte – a que pertence o eclipse Lunar em que Trump nasceu- , – este é filho de família de eclipses de “colapsos súbitos de fortuna, planos e estilos de vida. A confusão pode reinar mas a longo prazo há sempre reconstrução e transformação…Estes eclipses mudam o rumo de vida da pessoa através do colapso das estruturas pré-existentes”. Esta descrição parece ilustrar sem grande margem para engano a vida de Trump.
Ao nascer com a Lua em Sagitário, governada por Júpiter, eclipsada por um Sol conjunto a Urano e ao Nódulo Norte em Gémeos, Trump vem com um desejo de abundância e reconhecimento como Rei da Verdade, Conhecimento e Riqueza, ensombrado por uma atenção dispersa, eclética, instabilidade e atitudes radicais a que se soma o interesse pela inovação, comunicação social e aventuras no espaço- três das marcas de Urano, no seu caso.
É um optimista narcísico empolgado pelo trígono de Júpiter ao Sol, Urano e Nódulo. É grande e diferente, voluntarioso e autoritário com Marte em Leão no Ascendente em sextil ao Sol e trígono à Lua. Tem, com Mercúrio regente do Sol em Caranguejo, um discurso muito mais protecionista do que a sua natureza libertária e fez no imobiliário a grande fortuna onde também sofreu grandes perdas com Vénus conjunta a Saturno em Caranguejo, aspecto que também justifica ter sido dono do concurso e marca “Miss Mundo”… Bilionário com dívidas e declaração de falências várias ao fisco, tem um quincúncio de Saturno -Vénus à Lua que empolga ainda mais as tensões entre o querer ter e o poder ter. Não apela à confiança nem promete estabilidade.
Conflitos e respostas
Depois de escapar, desde que tomou posse, a várias crises que denunciaram a sua intrínseca falta de seriedade política, a conjunção Saturno- Plutão de Janeiro em Capricórnio correspondeu, no horóscopo de Trump a uma oposição ao seu Saturno e Vénus natais de casa XI, casa do colectivo que, com esses planetas, quer governar pelo poder político de Saturno e financeiro de Vénus. A oposição planetária em Janeiro começou assim a tirar-lhe o tapete dos pés. A resposta ineficiente à crise Covid e apelo a maior repressão contra as manifestações de repúdio do assassinato de George Floyd por excesso policial, nestes últimos dias, revela o aumento da tensão e a incapacidade crescente de sensibilidade e razoabillidade social.
Os golpes astrais seguintes vêm no eclipse de 5 de Junho – em aspecto ao eixo vital Sol/Lua de Trump – e o de 21 de Junho, da difícil série Saros, em oposição ao seu Mercúrio e em quadratura ao seu Neptuno Natal. Entre os dois eclipses, Trump, a 14 de Junho celebra o aniversário com o Sol da revolução solar em quadratura a Marte, Neptuno e Lua conjuntos em Peixes e em quincúncio a Júpiter e Plutão em Capricórnio. São aspectos de fraqueza psíquica, física, falta de vitalidade, confusão, desorientação, muitas opções em jogo e nenhuma clareza pragmática mas que se podem traduzir em discursos nacionalistas, ideológicos que incitem directa ou indirectamente a violência.
Os conflitos sociais em curso, nos EUA mas também no Brasil e outros pontos do mundo só se podem agravar nestes eclipses com a Lua, Neptuno e Marte em quadratura ao Sol. O Sol representa o poder e a Lua a oposição popular. Urano em Touro em quadratura a Saturno num trânsito que se vai prolongar até 2022 é o pano de fundo de contestação e repressão em que este trânsito de Junho se exprime de forma global.
E porque Trump é presidente dos EUA há que olhar para o horóscopo do país. Há mais do que um horóscopo possível, sendo os mais usados os de ascendente Sagitário ou de ascendente Escorpião. Se usarmos o de ascendente Sagitário – com que tenho mais experiência de verificação – vemos que o eclipse de 5 de Junho é exactamente conjunto a esse eixo da imagem do país e como ela se projecta sobre os parceiros políticos, corporações e na lei.
Que EUA são estes, antiga imagem de liberdade democrática, progresso, riqueza, verdade, e que agora projectam a sua sombra de racismo, diferenças sociais, violência policial, corrupção política, autoritarismo presidencial, isolamento internacional? Este aspecto de crise existencial é reforçado pelo eclipse de 21 de Junho, total do Sol sobre Vénus em Caranguejo, nas eleições no dia de eclipse total do Sol de Dezembro e no horóscopo de Janeiro de 2021 da tomada de posse presidencial. Este ciclo de revelação de sombras pontuado pelos eclipses tem também de ser visto no quadro do ciclo maior que é o de retorno de Plutão sobre o Plutão natal do país. Os EUA nasceram de um país divido por uma guerra geografica e politica entre liberais e esclavagistas e o que falta resolver dessa tensão de séculos está a vir à luz com a força plutoniana a extremar a busca de soluções. Com Plutão natal a 27 graus de Capricórnio, o ciclo só fechará em 2023 e daqui até lá são inevitáveis as “depurações” do inconsciente colectivo americano, de forma potencialmente violenta. Os toques de Júpiter e Saturno até ao final do ano nesse grau do Plutão natal dos EUA são o prenúncio do fim de ciclo.
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Poder e dinheiro
Há mais dois aspectos que podem ajudar a iluminar o que virá a ocorrer no final do ano, se os colocarmos na perspectiva do que acontecer este Junho e já aconteceu em Março. Trata-se da conjunção Júpiter- Plutão em Capricórnio contra a qual se joga um quincúncio do Sol- Urano -Nódulo Norte de Trump. O primeiro toque deu-se com Júpiter e Plutão directos em finais de Março e princípio de Abril. Em Junho essa conjunção dá-se com Júpiter e Plutão retrógrados e em Novembro com esses planetas directos, mas já depois da data da eleição popular prevista para 3 de Novembro.
O primeiro toque Júpiter- Plutão correspondeu não só nos EUA como globalmente ao reforço dos poderes políticos. Os governos mundo fora ditaram fechos de fronteiras, deram apoios financeiros e obrigaram ao distanciamento social, com Saturno já em Aquário. Neste mês de retrogradações de Junho, abrem-se novamente fronteiras alivia-se o peso político, fazem-se contas aos apoios que vão ser necessários para suportar a recessão global anunciada. Em Novembro próximo, no último toque vão certamente de novo ser reforçados os poderes políticos e agravada a situação financeira que exigirá os novos apoios agora a serem preparados.
Eclipse do Sol em Dezembro sobre Trump em dia de voto
O sistema eleitoral americano leva este ano os cidadãos às urnas a 3 de Novembro para elegerem o presidente e os representantes do colégio eleitoral a quem cabe o voto final a 14 de Dezembro sobre quem vai ser presidente. Essa escolha vai acontecer no dia do eclipse total do Sol sobre Lua de Trump em oposição ao seu Sol natal.
No sistema de interpretação de Brady, é um eclipse da série Saros 4 Sul, uma série de “grande intensidade emocional sobre questões de parcerias e dinheiro, que pode provocar zanga e desejo e em que os indivíduos se envolvem em situações de que não têm de facto controlo…grande frustração…”
Mais mundanamente, os eclipse solares são sinais de crises que perturbam o nosso funcionamento normal mas que temos que aceitar porque iluminam o lado sombra, medos, segredos e demónios e o que deve ser corrigido. Se não corrigirmos, dizem os livros, seremos consumidos por esse lado que ocultamos….
Pelo calendário astral verifica-se que é depois do voto de 3 de Novembro para os representantes que são reforçados os poderes políticos e distribuídos apoios. Um cenário possível é que Trump ganhe ou não o voto popular, reforce os seus poderes presidenciais por causa da crise em curso e corra dinheiro para influenciar a sua eleição em Dezembro pelo colégio eleitoral. Nesse 3 de Novembro o Nódulo Norte em transito em Gémeos faz conjunção ao Sol, Urano e Nódulo Norte natal de Trump, num encontro com o futuro.
A 14 de Dezembro, dia em que os representantes deveriam escolher o presidente, dá-se nos Céus um eclipse total do Sol, com Sol, Lua e Mercúrio quadrados a Neptuno e trígonos a Marte em Carneiro que está quadrado a Plutão e a Saturno e Júpiter conjuntos em Capricórnio. Situação confusa e potencialmente violenta. Sobre o horóscopo de Trump eclipse percorre o eixo Lua/ Sol- Urano-Nódulo Norte, em quadrado a Neptuno. Se houver vitória haverá dúvida, se perder, haverá dúvidas.
A grande tensão inaugural
A 21 de Dezembro com a entrada do Sol em Capricórnio e já com Saturno e Júpiter em Aquário, a contenção social que globalmente vivemos em Março, Abril e Maio, volta em força, nos EUA e mundo fora, seja pela situação de agitação social, seja pelo retorno do Covid.
Os sinais são particularmente preocupantes do ponto de vista de conflitos e situação financeira no horóscopo da inauguração presidencial marcada para 20 de Janeiro com Lua- o povo, Marte, a agressão e Urano o elemento surpresa conjuntos em quadratura a uma conjunção de Vénus a Plutão em Capricórnio e ao Sol conjunto a Saturno e a Júpiter em Aquário. No horóscopo de Trump novamente Plutão opõe-se ao seu Saturno e Venus natal na XI, tirando-lhe bases de sustentação e possibilidade de controlo colectivo.
A esta enorme instabilidade que dos EUA vão afectar o resto do mundo temos de acrescentar o potencial regresso do Covid e o seu impacto económico trans-fronteiras.
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e a PARTE III AQUI