Por Clara Days:
Palavras-chave: transformação integrada; metamorfose controlada; transição
Não, não se fala aqui de destruição, antes de transformação. Radical, talvez, mas pretendendo que o velho dê lugar ao novo, que o que já não serve possa ser regenerado, adquirindo nova forma, novas qualidades. Na natureza, nada se perde porque tudo se transforma, é essa a lei que a Morte nos evoca e assim deve ser na nossa vida, com mais ou menos realismo, ou simbolismo.
A acompanhá-la, a contenção da Temperança, energia mais dominante dos tempos por que temos passado, dando-nos as ferramentas de espírito que permitam que a transformação que se opera possa conciliar contrastes, combiná-los e metamorfoseá-los para algo potencialmente novo, desejavelmente melhor.
Não será por acaso que vem o 14, a seguir a este 13 de má fama, a carta “inominável” na tradição, cujo nome não devia sequer ser pronunciado. Vem o 14, duas vezes a energia pura do 7, reconciliando, impulsionando, para que nos elevemos a novos patamares. Ao longo da Jornada do Louco pelos Arcanos Maiores numerados, na Morte ele pode reinventar-se, para na Arte entrar numa nova fase de consciência. Estamos numa dupla etapa, mas em continuidade, pois se algo tem de ser eliminado, e tem certamente, será para ganhar o espaço para a transmutação necessária. A Morte permite o renascimento, a formação de um eu interior renovado, e esse meu novo ser vai aprender a lidar com a estabilidade oscilante da Temperança, moderando ímpetos e conciliando opostos.
Lembremos que a Temperança voltou, e volta, semana sim, semana não, ou mesmo em semanas seguidas, desde há meses, nesta página. Paira sobre tudo o que vai sucedendo, mantendo-nos conscientes e alerta, nunca nos deixando resvalar, sem regra ou controle. É aquilo que mais se aproxima de uma constante. Vem hoje com a Morte, elemento dinâmico da semana que entra, para lembrar que é tempo de renovar o que precisa de ser modificado, transformando a nossa vida, virando páginas, assumindo novas qualidades.
Transformação e moderação, as palavras de ordem. Não hesitemos em desfazer-nos do que já não serve, há cargas que precisam de ser deitadas fora, para reabastecer a vida com coisas novas. Ainda que balizados pelo espírito do tempo, controlando resultados, temos potencial de renovação, não há que temer dar esse passo.
Afastemos restos de passado que nos pesam, sem receio, disponibilizemos o espírito para se reinventar. A moderação da Temperança se encarregará de nos manter dentro dos eixos onde, queiramos ou não, precisamos de nos situar.
Imagem: Dreaming Way Tarot, de Rome Choi e Kwon Shina, 2012
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