Por Clara Days:
Palavras-chave: desafios internos, equilíbrios externos; intuição e moderação; o ser e o estar.
Tudo o que trago dentro de mim me convoca, sem se explicar. A Sacerdotisa sopra-me ao ouvido palavras que não existem, pois o saber mais profundo é feito de processos internos pouco conscientes, onde o que sinto e o que vivi se misturam para me trazer uma percepção profunda e pessoal do mundo, das pessoas e dos acontecimentos. Está tudo dentro, pertence ao meu ser mais íntimo e verdadeiro, que nem sempre se quer manifestar.Mas o que se passa cá fora impõe-se também, exigindo que me posicione, que participe. Vem então, em meu auxílio, a Temperança, ponderada e racional, propor fórmulas para conciliar o que se contradiz, para combinar o que se opõe.
Entre as duas, eu. Talvez viva de noite com a primeira, inspirada pela luz da Lua, abrindo o espírito e recebendo as mensagens que o Universo e o “outro” me trazem, em silêncio. Talvez de dia precise da segunda, nas interacções, onde posso mediar criativamente os conflitos, transformando o que se contradiz em algo novo e melhor.Entre as duas, estou. Por dentro, serenamente, deixando tudo o que não se explica navegar livre, inspirar-me, abrir o meu espírito. Por fora, atentamente, favorecendo o entendimento e o encontro. Não me posso deixar apenas ir na corrente, tenho que abraçar a causa do destino, interferindo para dissolver contrastes e transformá-los em novas e melhores soluções.
Ao mesmo tempo, devo acautelar a minha essência, dar espaço para o silêncio.Entre as duas, sou.Por mim. Pelos outros. Por mim com os outros, num encontro desfasado, de noite, de dia. Por dentro e por fora, no silêncio e na palavra. Com a Sacerdotisa, com a Temperança.
Imagem : Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2020 (2ª edição)
Céus!!! Rosita Iguana 
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