Por Clara Days:
Palavras-chave: movimento e moderação; harmonia e mudança; causa, efeito e equilíbrio.
Tudo está em mudança, incessantemente. Mas vêm desastres naturais, calores extremos, inundações, incêndios. A natureza parece cada vez mais imprevisível ou adversa e os avanços e recuos dos surtos pandémicos trazem uma sensação de permanente “déja vu”, sem fim à vista. Como as ondas que se sucedem na praia, para a frente e para trás, vemos alternância à nossa volta; no entanto, é preciso lembrar que, dê por onde der, nada pode impedir o progresso das marés. Recuam as ondas, mas sobe a maré, no tempo de subir; avançam as ondas, mas ela descerá, quando tiver que descer.
Em que ponto da Roda da Fortuna estaremos? Numa ascensão esperançosa? No declínio? No fundo do poço? No topo não será certamente, com tanto tropeço colectivo… A Temperança, que volta para nos acompanhar, pede que tenhamos a arte de saber retirar de cada coisa e seu contrário uma união feliz. De cada contraste, uma bonança. De cada oposição, uma nova solução. Saberemos? O importante é ter consciência do quanto depende de cada um o que lhe vier a acontecer. Se eu me decidir a isso, o meu destino não me encontra, sou eu que trabalho para ele. Sou eu que escolho, que atenuo o que dói, que tempero o que afronta, que adoço a amargura. Sou eu que decido caminho, por entre o vaivém dos acontecimentos. Sou eu que opto por lidar com os problemas, em vez de me sentir vítima deles.
Com uma gargalhada, posso aliviar tensão; com um gesto terno, posso alegrar tristeza. Assumo as minhas escolhas e as consequências que me trazem, há muitas maneiras de lidar com as dificuldades. Posso ser protagonista, em vez de espectador. Então, participo. Arrisco. Escolho a moderação, uma moderação criativa e construtiva que possa transformar cada problema numa aventura, ou numa experiência de aprendizagem. Os ciclos da vida vão seguindo o seu caminho, comigo a cavalgá-los, segurando o melhor que sei nas rédeas.A onda vai e vem, mas a maré há de subir e descer também. Não posso deixar que a onda me distraia da maré. Salto, mergulho, antecipo. Escolho, combino, num risco controlado. E, se tudo parecer ir por aí abaixo, espero. Mais cedo, ou mais tarde, a Roda vai virar…
Imagem: Otherkin Tarot, de Siolo Thimpson, 2019
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