Por Clara Days:
Ideias-chave: desconstrução e viragem; barreiras caem, um ciclo muda; ruptura e oportunidade.
Por muito que queiramos paz e tranquilidade, vivemos um tempo de rupturas e mudanças, que continuam nesta semana. Um desassossego! O Princípio Universal do Movimento trabalha em conjunto com o Princípio da Destruição, onde pode não ficar pedra sobre pedra.
Preparemo-nos:
A Roda da Fortuna é a décima etapa da Viagem do Louco, um portal onde ele toma consciência dos fluxos e refluxos do movimento da vida, em que se sucedem os altos e os baixos, os avanços e os recuos, os ganhos e as perdas, num equilíbrio que se faz no tempo e não no momento. Como nas leis da Física, vivemos em permanente movimento e em interacção com forças que se opõem, compensam ou potenciam. A Roda lembra-nos que tudo é cíclico e que o que cada um faz tem consequências que influenciam o devir. Entre o destino e o livre arbítrio, evoluímos ciclicamente, cada um de nós inserido no dinamismo universal, queira ou não queira, e vale mais reconhecê-lo e usar esse reconhecimento para identificar as oportunidades que surgem e para apanhá-las no momento certo.
Só que o Arcano 16, a Torre, corresponde a uma etapa mais radical. Quando a Torre é fulminada pelo raio cósmico, os muros de certezas e convicções que nos têm orientado e guardado caem com estrondo, destruindo toda a segurança que julgávamos ter atingido. A chegada da Torre desorganiza-nos, assusta-nos, desampara-nos, faz-nos viver a incerteza absoluta, impondo-se inexoravelmente. Ficamos desprotegidos, a céu aberto, no meio da confusão. E depois? Depois, é ter a coragem de esperar para ver os novos caminhos que temos à nossa volta, que antes estavam escondidos do nosso olhar. As certezas eram falsas, as convicções infundadas, os muros eram prisões. Na verdade, fomos libertados.
É então este o panorama. Ambas as cartas nos trazem mensagens de mudança, de desassossego mesmo, ambas nos anunciam, por um lado, incerteza mas, pelo outro, oportunidade. A questão está em saber até que ponto somos capazes de potenciar o que há de positivo em ambas, ultrapassando o que possa ser percepcionado como negativo. É preciso resiliência para enfrentar a destruição da Torre, é preciso maturidade para gerir a Roda do destino nas voltas da vida.
No meio dum tempo longo de crise global, que nos põe em causa o clima, a saúde e a paz, temos tido semanas intensas e agitadas, recentemente. Agora vem mais esta, seguramente incerta, mas carregando potencialmente elementos de progresso. Quem tem a coragem e a inteligência para encontrá-los? Quem sabe aprender com a Viagem?
Imagem 1: The Fountain Tarot, de Jason Gruhl, Jonathan Saiz e Andi Todaro, 2017
Imagem 2: The Field Tarot, de Hannah Elizabeth Fofana, 2021
Deixe uma Resposta