Por Clara Days:
Ideias-chave: destino e decisão; movimento, causa e efeito; ajustamento cíclico.
Em semana de Lua Cheia e seu eclipse total, é-nos de novo lembrado o modo cíclico como tudo na vida evolui, em constante movimento. Perante essa inevitabilidade, em que medida temos o poder de interferir no decurso dos acontecimentos? Eis o grande desafio que as cartas nos lançam, replicando as mensagens que têm vindo a acompanhar-nos no último mês.
Somos nós e as nossas circunstâncias, numa permanente interdependência, gerindo as possibilidades, dentro das condicionantes. Somos nós, ajustando-nos ao que acontece e tomando decisões que interferem no devir. Somos nós, interagindo com o destino, usando do livre-arbítrio e assumindo as consequências das nossas decisões. Uma coisa é certa: mesmo escolhendo ficar parados, estamos a intervir, logo estamos em movimento.
Com a Justiça pondero, procuro equilibrar, conciliar: o princípio da acção combina-se com o da reflexão, ajustando-se um e o outro entre si. Para cada realidade há perspectivas diferentes e devo procurar olhá-la por esses diversos prismas. Já a Roda faz-me lidar com a inevitabilidade incontrolável da permanente mudança, com a regra da alternância e com o facto de que lidar com isso exige que eu saiba distinguir entre o que está ao meu alcance controlar e aquilo a que tenho de sujeitar-me, procurando que o meu trajecto possa depender mais de mim e não tanto do acaso.
Enquanto o Ajustamento procura o correcto, o que é justo, a Roda gira sem critérios de bondade ou maldade. Quando o Ajustamento reforça a Roda, o vaivém cíclico que alterna os altos e os baixos da existência, o repouso e a vigília, o dia e a noite, a tempestade e a bonança vêm impregnados pela marca das nossas opções. Se não podemos fugir do andar da vida, podemos, no entanto, fazer a vida andar mais por aqui, ou mais por ali, na certeza de que de tudo virá um eco, no futuro. Nada do que eu faça fica sem consequência.
Fiquemos então na gestão destes dias movimentados e governados por forças externas, dando de nós com inteligência e procurando o equilíbrio possível a cada momento. Na margem de manobra que podemos conquistar temos o dever de intervir, não deixemos que o tempo passe por nós sem que leve a marca do nosso sentir e da nossa vontade. O futuro, a seu tempo, retribuirá.
Imagem : Tabula Mundi Tarot, de M.M. Meleen, 2016
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