Por Clara Days:
Ideias-chave: obedecer ou transgredir; entre o conformismo e a independência; ou vou pelos outros, ou vou por mim e pago o preço.
Se conflitos houve que têm andado contidos, agora declaram-se, e são mais fortes ainda dentro de nós próprios. Somos traccionados em sentidos diferentes, dum lado pelo Hierofante que nos pede cumprimento da regra e conformismo, do outro pela energia libertária do Diabo, ao sabor do instinto. Haverá conciliação possível, ou viveremos em plena contradição?
Não sei dizer se um dos dois é mais forte, se o Hierofante ou o Diabo. Representam energias totalmente diversas, o primeiro orientado para a pertença e tudo o que faço para me acomodar a um grupo em cujos princípios acredito, abdicando da minha liberdade pessoal, enquanto o outro me empurra para o meu próprio abismo, na manifestação mais plena do individualismo, dizendo-me que se fizer as coisas por mim e para mim, só a mim dizem respeito e apenas a mim podem prejudicar, ou beneficiar.
Neste novo ciclo temporal, iniciado com a Lua Nova de ontem, estaremos então numa encruzilhada, que nos obriga a escolher entre pertencer a um grupo e cumprir a regra que reconhecemos como justa, mas que nos restringe, ou optar pela liberdade que nos pode levar para onde quisermos, cujas consequências recairão sobre nós, sem ninguém mais que nos valha. Qual ganha? É impossível seguir pelos dois caminhos…
Paira ainda a energia da Sacerdotisa, que nos vem de trás, aconselhando silêncio, recolhimento e meditação. Talvez que a nossa espiritualidade, aqui simbolizada por esta filha da Lua, nos ilumine os sonhos e ajude a solucionar impasses.
A pertença dá-nos paz externa, integra-nos, traz um sentido externo para os nossos actos, regidos por princípios emanados “de cima”, ditados ou veiculados pelo Hierofante. Se estivermos dispostos a enquadrar-nos, estaremos mais acompanhados, mais protegidos, embora limitados.
A liberdade do Diabo é de extremos, pode levar-nos mesmo até caminhos perigosos, onde arriscamos tudo para seguir os nossos impulsos. Há coragem, há arrojo, há risco, mas há sobretudo solidão. Mesmo acompanhados, quando deixamos que o Diabo nos conduza, vamos sós. Isto implica que não prejudicamos ninguém, mesmo que não nos favoreçamos a nós próprios.
Valha-nos então a Sacerdotisa e o seu recolhimento inspirado. Reservemos algum tempo e espaço para deixar a sua que a sua sabedoria íntima possa emergir e ajudar-nos na escolha.
Imagem : Tabula Mundi Tarot, de M.M. Meleen, 2012
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