Por Clara Days:
Palavras-chave: destino; oportunidade; karma; ciclo.
De onde venho, para onde vou? O que é o destino? Qual é a meta? Sei que tudo muda, como a noite que alterna com o dia, a maré que sobe e desce, a natureza ao longo das estações. E, algures no tempo, tudo parece voltar ao mesmo lugar, em ciclos que se intercalam, se entrelaçam, se ultrapassam…
Sei que a alegria não dura sempre, mas a tristeza também não. Sei que depois do desespero voltará a haver esperança, que, quando sinto cansaço, voltará a haver ânimo e, quando tenho medo, a coragem voltará – porque é assim a regra, é a lei natural.
São as voltas da Roda, onde giro sem parar, mas onde sei que posso mudar. Posso ser factor determinante, agir para transformar, agir desastradamente, e, depois, cada acto meu terá uma consequência. Mais cedo, ou mais tarde, o Karma replicará, como um eco, retornando em bem o bem que fiz, como também, do mal que desejei aos outros ou do sofrimento que causei, virá o retorno, um mal em dobro, se for preciso.
E depois há os imponderáveis, as excepções, os elementos de ruptura que parecem desordenar tudo… Há acontecimentos que se impõem com enormidade, inundando tudo. Aí, fico sem ver, sem poder prever, sem antecipar. Fico à espera, e posso lembrar que a única certeza é de que cada crise será ultrapassada, com o tempo. A Roda e o tempo trabalham em conjunto, e virá o momento em que a escuridão se transformará em luz. Às vezes, preciso de ficar parado, pacientemente, esperançosamente, deixando a roda girar.
Mas, no mais das vezes, participo na mudança, ou devo participar. Se apenas assistir à vida, que vida é a minha? Tenho o dever de agir, de mudar, de transformar. Tomarei decisões, iniciativas, intervirei. Assumirei. Receberei o retorno que vier, as consequências. E recomeçarei.
Cada momento contém um elemento de oportunidade que eu quererei, ou não, reconhecer, e que saberei, ou não, aproveitar. Entre cada sim e cada não tenho uma margem de escolha, mais estreita, ou mais larga. E cada escolha será um passo mais para andar na roda, para mudar a vida, ou para não mudar. Cada decisão é um passo que dou, mesmo quando parece que segue para trás.
Tenho o dever de crescer, de evoluir, de me aperfeiçoar, e quando fico indeciso, quando espero, estou a intervir, mesmo que seja por omissão. Ficar parado também é uma escolha…
No entanto, evoluir em círculo não é bem evoluir, sejamos honestos. Se eu retornar ao ponto de partida, será uma repetição, não um crescimento. Por muito parecido que sejam o princípio e o fim de cada ciclo, deverá ser diferente, desejavelmente mais acima, mais longe, ou mais profundo. A Roda pode evoluir em espiral, para haver desenvolvimento e mudança.
Pensando bem, que sentido tem a minha vida, se eu voltar sempre ao mesmo lugar?
Imagem : Crow Tarot, de MJ Cullinane, 2019
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