Por Clara Days
Palavras-chave: vontade; desapego; avanço; controle.
Chegaram os dias de partir, deixando para trás o que já não sirva. Que cada um siga viagem em busca de si mesmo, do sentido da sua vida, de um propósito. Que cada um vá por si e para si, para procurar, para aprender, para crescer.
Que não nos tolha o receio da viagem, dos caminhos ou dos encontros. Agora que a decisão se toma, o mais difícil está
feito, tolo seria recuar: não interessa o que está par trás, mas o que está para a frente.
Partimos sem rumo? O caminho faz-se ao andar, é um dito antigo. Na verdade, a convicção de que temos o controle total das coisas, sabemo-lo já, é uma ilusão de conforto, nunca uma certeza. Porque nos deixaremos tolher pela falta de mapa, GPS ou bússola?
Levamos bagagem, uma bagagem feita de experiências, de tentativas, de desejos, de fracassos e lições também. É essa a nossa força, que temos que ter controlada. Há um equilíbrio que se torna necessário tentar, entre o que desejamos e o que sabemos ser mais certo, procurando desmontar as contradições internas.
O facto de ter havido desgosto não significa que voltará a haver. Mas usemos as lições dessa vivência para não repetir o padrão que nos levou até lá, não para nos tolher os passos. O que passou ensinou-nos, detonou o impulso desta demanda; no entanto, é preciso que a vontade e a consciência não usem a desculpa dessa aprendizagem para nos fechar o horizonte de possibilidades que temos pela frente.
Navegamos à vista, passo a passo, descobrindo novas paragens uma a uma. O importante é que sigamos sempre a direcção que escolhemos, porque só assim encontraremos o propósito. Quando? Isso, só o tempo dirá…
Sabemos já o que não queremos, é um bom princípio. Demos a nós próprios a oportunidade de deixar que a vida nos guie para melhor. Com controle e vigilância, para que não voltemos ao ponto de partida, façamos a viagem, procuremos as oportunidades. Afinal, não temos muito a perder, pois estamos a resgatar a nossa dignidade.
Vamos receosos? Claro! Mas o medo do desconhecido tem que ser ultrapassado pela vontade de o ir aprendendo. Façamos do medo um companheiro de viagem, não o carcereiro da nossa determinação.
Se o maior dever de cada um, como pessoa, é tentar ser feliz, que seja essa a nossa bandeira.
Imagem : Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2013
Sinto que isto foi escrito para mim! Estou exactamente assim!