Por Clara Days:
UMA CARTA PARA CADA MÊS – todo o baralho
Fui desafiada pela Rosita Iguana a fazer uma tiragem de cartas alusiva ao ano de 2021. Não acreditando eu num Tarot divinatório, nem me reconhecendo qualidades de pitonisa, tenho duvido bastante que este exercício de antevisão vá corresponder às energias futuras que prevaleçam, ao longo do ano.
Mas um desafio é sempre um estímulo e não há como experimentar. Os leitores são minhas testemunhas e poderão, pelos meses afora, ir comigo aferindo da razoabilidade das cartas que saíram.
Janeiro:
5 de Copas “A Frustração” – Será que sobrou algo que me dê consolo?
Palavras-chave: desilusão; perda; tristeza; amargura
Não podemos mais enganar-nos, há uma tempestade emocional na nossa vida. O que correu mal torna-se claro aos nossos olhos e temos dificuldade em lembrar que há aspectos que ficaram intactos. A nossa atenção está focada ali, a desilusão invade-nos, reina a frustração. Mas há mesmo algo que ficou inteiro, é preciso querer olhar para lá…

Fevereiro:
6 de Espadas “A Ciência” – Partir para aprender
Palavra-chave: viagem; estudos; conhecimentos; pesquisa
Tudo o que sabemos é útil, mas precisa de ser acrescentado e aprofundado. Alarguemos o nosso horizonte, procuremos outras paragens para aprender, sejam geográficas ou virtuais. Levamos na bagagem o que é significativo, não é uma jornada para fazer sozinho.

Março:
5 de Discos “O Sofrimento” – Preparado para a adversidade
Palavras-chave: carências; escassez; dificuldades; receios
Os problemas materiais de Discos acontecem no dinheiro, na saúde, no trabalho – no que é concreto, físico e tangível da nossa vida diária. Esperava mais, merecia mais e agora falta. Será que vou conseguir? Que mal fiz eu?
É preciso activar a resiliência, ou ficamos imobilizados pela frustração.

Abril:
Pajem / Princesa de Discos – Arregaçar as mangas
Palavras-chave: concretizadora; eficiente; discreta; observadora
É a mais prática das práticas Princesas, uma “formiguinha” de trabalho. Atenta e introvertida, acode aos outros quase sem se fazer notar. Nunca pára, cumprindo a sua missão de se pôr ao serviço, com dedicação e concentração.

Maio:
6 de Bastões “A Vitória” – O mérito pode ser reconhecido
Palavras-chave: mérito; reconhecimento; orgulho; triunfo
Tudo o que agora obtemos veio de um processo que reflecte o nosso esforço e mérito.
Não é apenas o facto de se ter atingido uma meta, é o ter-se obtido o reconhecimento dos outros pelo que se atingiu. Queiramos ou não, a opinião dos outros tem sempre alguma influência, e uma opinião favorável é mais um estímulo para nos fazer continuar.

Junho:
Cavaleiro / Príncipe de Espadas – Argumentação e instabilidade
Palavras-chave: intelectual; argumentativo; idealista; desconectado
A sua cabeça trabalha a mil e as palavras saem sem hesitações, tornando difícil acompanhar-lhe os raciocínios. Nunca lhe faltam ideias, mas pode faltar-lhe a força de vontade ou a persistência, necessárias para pôr em prática os projectos que idealiza.

Julho:
VII O Carro – Praticar o desapego, couraçar a alma
Palavras-chave: vontade; renovação; decisão; protecção
É preciso coragem, para arriscar o desapego.
Cortar amarras e partir em busca do caminho próprio começa com algumas ideias, mas sem destino final concreto. O condutor pega nas rédeas dos animais que puxam o carro, e obriga-os a seguir na direcção que vai escolhendo, em cada momento. Há determinação e auto-controle, mas também uma dose de receio em relação ao que o espera, o que exige que esteja sempre alerta e em modo defensivo. Protege-se do sofrimento criando uma couraça, que evitará que volte a cometer os erros que o tornaram vulnerável.

Agosto:
II A Imperatriz – O regresso à natureza
Palavras-chave: fecundidade; fertilidade; fisicalidade; sensitividade
Precisamos de preservar os nossos momentos de “estar”, sem nada fazer. Na lufa-lufa do dia a dia, ocupamo-nos excessivamente com o que fazer, com tarefas umas atrás das outras, sujeitos a ruídos contínuos que quase nos impedem de pensar.
É preciso saber desligar o telemóvel, desligar a tecnologia, silenciar o ruído, voltar ao essencial. É preciso que nos demos tempo de ócio, que procuremos no que é natural o nosso repouso. Por muito que estejamos pressionados pela vida social, é imperativo que nos viremos para nós.

Setembro:
7 de Bastões “A Coragem” – Venha o que vier, fazer frente
Palavras-chave: bravura; confronto; auto-defesa; auto-afirmação
Às vezes é preciso fazer frente, mesmo quando sabemos confrontar forças maiores do que as que sentimos ter. Afirmarmos a nossa vontade não precisa de ser agressivo, mas pode ter que ser combativo. Convoquemos a coragem para esse momento.

Outubro:
X A Roda da Fortuna – Altos e baixos, o karma é lixado
Palavras-chave: ciclo; movimento; destino; oportunidade.
A Roda mostra-nos que no desenvolvimento da vida há altos e baixos, turbulência e calma, contrários que se sucedem e assim se complementam ou equilibram, como na natureza. É um equilíbrio dinâmico, sempre em mudança e em alternância – a vida trará sempre elementos contrastantes, porque isso é do equilíbrio universal, e virá do bom e do mau.
Mas há também na sua mensagem uma ideia de que a oportunidade que surge num momento não durará e deve ser apanhada por nós no tempo certo, para que possa resultar. Pede atenção, vigilância e capacidade de responder com eficácia aos acontecimentos, ainda que inesperados, sem adiamentos ou hesitações.

Novembro:
Rainha de Bastões – Paixões e exaltações
Palavras-chave: afirmativa; optimista; carismática; impaciente
É uma mulher apaixonada, no sentido mais amplo do termo. Põe da sua alma em tudo o que se envolve e não passa despercebida. Exprime os sentimentos sem filtro, entrega-se de alma e coração àquilo em que acredita. Calorosa e assertiva, pode ser orgulhosa, pode ser possessiva, pode ser dominadora.

Dezembro:
10 de Espadas “A Ruína” – Está tudo na minha cabeça
Palavras-chave: vitimização; obsessão; descrença; auto-sabotagem
Cada dez representa a solidez material no respectivo naipe. Quando se trata de espadas, esta solidez é mental e fala de uma teia rígida de ideias feitas em que nos enredamos e fixamos. É como se viciássemos o nosso raciocínio para rodar em torno do que não adianta já pensar.
Mas cada dez, como última carta do naipe, contem também a semente de mudança para um recomeço. Há que ser capaz de travar o pensamento denso e deixar que o ar volte a circular de novo…

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