Por Clara Days:
Ideias-chave: largar o velho, arriscar de novo; confiar na transformação; recomeçar numa nova base.
Temos pela frente uma semana em que tudo nos ajuda a mudar. Com a passagem da Lua Cheia de Outubro e a entrada do Sol em Escorpião, a energia regeneradora da Morte vem acompanhada pela energia primordial do Louco, sempre confiante no futuro.
Com que Louco lidamos, desta vez? Com aquele que é inocente e ingénuo, ou com o sábio despojado? Com este Arcano, há sempre um regresso ao que é essencial e único em cada um de nós, que a vida tende a camuflar com camadas de verniz social, conveniências e aprendizagens. O Louco despe-se de tudo isso, deixa-nos ficar apenas com a nossa criança interior, sempre disposta a desbravar os caminhos, sem medir sequer os perigos. Assim somos na infância, assim podemos voltar a ser, na sabedoria da velhice, quando recuperamos a simplicidade, porque sabemos relativizar o sofrimento.
A Morte não se compadece com o peso do passado: descarta tudo o que já não serve, lembra-nos que para subirmos uma escada temos que largar cada degrau, se queremos passar ao seguinte. Ao transitar por este Arcano, na sua viagem de vida, o nosso Louco já compreendeu que precisa de se livrar das cangas que lhe foram impostas, para poder regenerar-se e prosseguir jornada. Tudo convida aqui ao despojamento consciente, tudo favorece o processo de renascimento que a Morte propõe.
É uma semana para regenerar, esta. Para deitar fora o que não presta, para mudar de página, para iniciar outro capítulo. Com a confiança com que o Louco enfrenta os perigos, temos tudo para poder avançar por novos caminhos, sem o travão dos medos a empatar. O que tem estado em suspenso precisa de se resolver, ainda que seja com alguma dose de desconforto, pois é sempre preciso descartar alguma coisa. Alijemos a carga que temos carregado. Ganhemos espaço para a mudança, só assim o novo se poderá vir a instalar, quando vier. Vale sempre a pena, lembra o Louco.
Vale a pena o risco. Não se fala agora de futuro no concreto, antes da mudança e da regeneração da confiança. Aliviados de pesos, temos o nosso Louco a cantar para a vida: venha o que vier, ele tirará partido, como só ele sabe. A leveza do Louco atenua a intensidade da Morte, imprime um colorido diferente às suas roupagens assustadoras.Quem é Louco o suficiente para se reconstruir em novas bases? “Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”…
Imagem 1: Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2013
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