Por Clara Days:
Ideias-chave: instinto, razão e afirmação; expansão com auto-domínio; domar o ego para progredir.
O que mostro de mim aos outros? Até que ponto me posso mostrar aos outros? Com a entrada do Sol no filosófico e viajante Sagitário, vem a energia de dois arcanos que me falam do Ego e do meu modo de estar comigo e com os outros. Não tenhamos dúvidas de que esta combinação de cartas é francamente positiva, na inspiração que nos traz. Desta feita, não sou convocado, antes convoco. Estou no centro, sinto-me bem, forte e entusiasmado, capaz de afirmar a minha vontade.
O Sol, arcano 19, sou Eu. Franco, aberto, dou-me a conhecer, entrego-me, num assomo de auto-confiança. Sei quem sou, sei o que quero. Digo ao que venho e exponho o meu jogo, sem reservas, sem receios. Com esta carta, volto numericamente à unidade, num patamar mais evoluído. Posso iluminar, posso dinamizar e progredir, mas posso também queimar, se o orgulho for em excesso para as minhas reais qualidades.De facto, com o Sol vem sempre um assomo de auto-estima dar-me um empurrão, mesmo que eu viva duras circunstâncias. Isso é de mim para comigo, mas os outros sentem-no e vêem-no. Ninguém se esconde, quando brilha como o sol, é tudo “às claras”.
Os tempos que vivemos, no entanto, não estão para excessos de confiança, e é aqui que entra o poder controlador da Força: não posso dar rédea solta à fera instintiva que trago em mim. Se é bom sentir o entusiasmo e a vitalidade que ela representa, se é importante que eu lhe respeite a essência, não posso deixar que se manifeste sem razoabilidade. Tenho que tê-la pacificada e domesticada, para que me não leve por caminhos de risco ou violência.Parece fácil e são conselhos básicos, os que aqui escrevo. Mas não é tão simples assim, quando os impulsos duma vontade de crescer têm de ser refreados, sem serem anulados. De quanta Força preciso, para deixar que o meu ego ilumine o caminho sem que essa luz fira os olhos dos outros ou queime os lugares por onde passo? Qual o equilíbrio certo entre a minha força interior e a manifestação dos meus desejos e impulsos?Não é mau ser-se um animal feroz, se o tivermos controlado, num controle respeitador e cúmplice que domine a violência, mas deixe pulsar a vitalidade e o mantenha o ânimo. Esse Eu, instintivo mas controlado, afirmativo da minha vontade sem excessos que prejudiquem, estará patente esta semana: vibrante, optimista, afirmativo, contagiando todos com as suas qualidades.
Devo ser capaz de levar a força da energia animal que trago em mim até à espiritualidade a que posso aceder. Assim eu saiba controlar o meu Ego.
Imagem : Cary Yale Visconti Tarot, de Stuart R. Kaplan, a partir de cartas do séc. XV, 1989
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