O discernimento, aplicarmos-nos em separar o verdadeiro do falso, procurar clareza onde a não há, avaliar criteriosamente os dados na mesa e com sensatez fazer escolhas, são as atitudes que nos fazem correr menos riscos nos tempos conturbados que os Céus prometem em Dezembro.
Temos ainda uma folga nos dois últimos dias de Novembro em que a harmonia e o diálogo são o que mais se deseja com a Lua em Balança em sextil a Sol e Mercúrio em Sagitário, trígono a Saturno e Júpiter em Aquário. São dias bons para tentar chegar a acordos apesar da quadratura da Lua a Plutão na terça feira obrigar a ajustes de expectativas. Mas rapidamente os sobressaltos, ilusões e tensão entre liberdade e segurança são amplificados, até ao fim do ano…
O pano de fundo do mês é a continuação de Plutão em Capricórnio que desde 2008 até 2024 traz lentas mas profundas transformações nos regimes de poder, nas estruturas financeiras e no controlo político das sociedades. Isso a nível colectivo, enquanto a nível individual é a nossa organização de vida que tem de ser alterada, regenerada, sem superficialidade : ir ao fundo, descartar o que já não serve, renascer das cinzas, obras intensas em casa, nas estruturas de bens partilhados, nas hierarquias de poder familiar… A última vez que esteve em Capricórnio foi de 1762 e 1778 onde se insere , como marco transformador da ordem mundial, a independência dos Estados Unidos com Plutão, tal como agora, nos últimos graus de Capricórnio, a que se seguiu a revolução francesa com Plutão entrado em Aquário. Para onde vão agora os EUA, que vivem o retorno de Plutão na sua casa II das posses materiais onde então a escravatura se inseria?? Fecha-se o grande ciclo sobre a sua Constituição e sobre o uso dos recursos do país. Política, financeira e socialmente as re-estruturações são inevitáveis e o seu impacto, tal como então, estender-se-há globalmente. A seguir ….até daqui a menos de um ano, a 8 de novembro de 2022, data de novas eleições nos EUA…
O véu de percepção dos desenvolvimentos está com Neptuno, a segunda cortina de fundo- ou de fumo – a considerar. Em trânsito em Peixes, onde está em casa desde 2011, tem dançado num sextil de signo a signo com Plutão com o qual fará um sextil exacto quando ambos estiverem no primeiro grau respectivamente de Carneiro de Aquário. Esta semana, Neptuno -retrógrado desde Junho- entra directo. Neptuno simboliza tanto as aspirações como os enganos, tanto a fé como a droga e, entre um extremo ou outro do leque das ilusões, a síntese é idêntica: com Neptuno temos uma visão alterada da realidade. Enquanto está directo achamos que o que “vemos” é real, enquanto está retrógrado somos confrontados com essa visão alterada. Ao entrar directo no dia 2 de Dezembro alimenta sonhos, apatia, fundamentalismo, a subida das águas e até infecções porque estas alastram de forma difusa, neptuniana…
A despertar-nos para novas realidades, Urano, o terceiro do fim a marcar o palco dos acontecimentos, está retrógrado em Touro onde circula desde 2019, um signo em trígono aquele em que Plutão se encontra. Simboliza tanto o acréscimo das compras que fazemos pela internet, como a urgência em recuperar o planeta Terra, como a revolução das cripto-moedas ou das relações forjadas on-line. Nesta retrogradação re-avaliamos esses novos investimentos que, dado aspecto fluido a Plutão, nos diz como as transformações estruturais no ordem do mundo são alimentadas por essa inovação tecnológica, revolucionária, sobre o valor das coisas, a segurança material, o que é palpável, a re-valorização do meio-ambiente etc. O sextil entre Peixes e Touro onde transitam Neptuno e Urano pode complementar de forma construtiva- ou não- essa “modernização” estrutural através seja de uma inspiração ajustada ou de uma ideologia exacerbada… Haverá certamente de tudo, conforme os quadrantes do mundo em causa e poderemos assistir aos desenvolvimentos em Fevereiro próximo quando Urano directo receber o sextil exacto de Jupiter nos 10 graus de Peixes. No entanto, antes disso há conflitos sérios entre o passado e o futuro, entre a repressão e a liberdade, entre a ordem estabelecida e o impulso de mudança. Desde esta semana até ao extremo de tensão de 23 a 29 de Dezembro, Urano vai receber uma quadratura de Saturno em Aquário, a terceira do ano, depois de em Fevereiro e Junho termos assistido, com o mesmo aspecto, a um aumento significativo da contestação social, contra as restrições do Covid, contra as dificuldades económicas contra a ordem estabelecida. Vem mais do mesmo este mês…. Nesta semana, já sob os raios dessa tensão, temos ainda um sextil entre Sol e Mercúrio em Sagitário, a Saturno em Aquário: sinal de que se procura uma liderança ou fundamentos para justificar as restrições, regras ou limites colectivos que com Urano e vias inovadoras, queremos abolir.
Saturno e Júpiter estão desde o início do ano no signo do Aquário. Restrição e expansão, regras e abertura de horizontes têm co-existido contraditoriamente todo ao longo de 2021, um exemplo fácil de entender sendo o das restrições sociais por causa da pandemia formatadas por Saturno e a maior liberdade social vinda do crescimento jupiteriano no número de vacinados globalmente, sendo o Aquário o campo do colectivo onde este menos e mais jogam. Quando chegarmos às vésperas do fim do ano, depois da tensão máxima entre Saturno e Urano, Júpiter vai entrar em Peixes onde esteve brevemente em Maio e Junho antes de retrogradar de novo para Aquário – voltou a estar directo em Outubro e sai de Aquário de vez no final de Dezembro. A relevância deste ingresso de Júpiter em Peixes está ligada à onda de sensibilidade, empatia e ao sentimento de que estamos todos no mesmo barco -o que nos pode levar colectivamente a ser mais generosos e tolerantes depois das tempestades que até então a todos afectam. Cuidado no entanto com ondas ideológicas fanáticas… o lado sombra da luz do conhecimento e dádiva.
Júpiter é também o regente do eclipse desta semana, sábado dia 4 de Dezembro, um eclipse total do Sol a 12 graus 22m de Sagitário, o último eclipse do ano e o último dos seis eclipses no eixo Gémeos/Sagitário que desde Junho de 2020 têm vindo a apontar para a necessidade de articular verdade e comunicação, conhecimento e divulgação, a busca de soluções para os movimentos migratórios etc, questões de síntese entre a expansão e abertura de horizontes do Sagitário e as possibilidades em aberto ou dualidade dos Gémeos, entre a longa viagem e a proximidade ou o que acreditamos realmente e como o podemos exprimir.
O eclipse do Sol deste 4 de Dezembro, – numa Lua Nova de Sagitário que ao passar entre a Terra e o Sol nos oculta a visão da sua luz, conjunta a Mercúrio, sextil a Saturno e quincúncio a Urano, – mostra-nos o que faltava para completar esse processo de síntese. As restrições às viagens têm sido, pela presença de Saturno em Aquário em sextil ao Nódulo Sul em Sagitário e trígono ao Nódulo Norte em Gémeos- o eixo em que ocorrem os eclipses- uma das ilustrações deste período. O eclipse desta semana está também a corresponder a nova vaga de limites e controlos aos movimentos de viagem e novas crises migratórias, tudo agravado pela falta de clareza que a quadratura a Neptuno suscita. Daí a importância do discernimento para gerir informação e falsas noticias, certezas e explicações contraditórias nesta semana em que cada cabeça, sua sentença a alimentar o conflito entre Saturno e Urano, os limites impostos pelo poder e os impulsos de liberdade.
Assim, neste cenário que nos ilustra as tendências do mês, depois de segunda e terça em que tudo parece ainda possível de acordar – com o sextil do Sol e Mercúrio a Saturno em Aquário e a Lua em Balança – entramos, quarta feira, numa tensão maior porque a Lua antes de ingressar em Escorpião faz quadratura a Plutão para logo de seguida estar quadrada a Saturno e na quinta feira fazer oposição a Urano. Na quadratura da Lua – ainda em Balança- a Plutão em Capricórnio somos forçados a rever diálogos, relações, acordos e entramos em conflitos de poder quando ela passa para Escorpião e as suspeitas ou impulso de controlo dominam as reações. Mas estas são frustradas pelas regras ou restrições em vigor na quadratura a Saturno e algo se rompe ou irrompe para tudo mudar na oposição a Urano, a que se segue horas depois uma conjunção a Marte em Escorpião.
Quarta e quinta são por isso dias intensos em que irritabilidade, bravata, frustração e a noção de que tudo é uma questão de vida ou de morte dominam os sentimentos… o que pede ainda maior calma e discernimento… não há que reagir violentamente nem ver perigos em todas as esquinas.. apenas os que lá estiverem…o que não é fácil dada a possibilidade de ilusão ou confusão pelo trígono que a Lua aqui faz a Neptuno em Peixes. Também faz sextil a Vénus e Plutão em Capricórnio o que torna ainda mais importante agir com razoabildiade dado o potencial de transformação destes dias.
Sexta é véspera do eclipse e a Lua pelo meio dia faz conjunção ao Nódulo Sul, ao entrar em Sagitário. Torna-se claro que há que largar amarras, não podemos ficar bloqueados em padrões de crença convencidos que nada pode nem deve mudar. A segurança vem da inteligência, conhecimento, pensamento lógico que aplicarmos ao que emocionalmente nos perturba. De seguida o eclipse coloca-nos num novo patamar de autoridade se aceitarmos um novo olhar sobre o mundo. Os Antigos viam nos eclipses do Sol o rolar de cabeças, as mudanças de dinastias, o fim de eras. Simbolicamente temos também de entrar num novo capítulo e abrir novas páginas do guia da vida com o fôlego e a inovação que o sextil a Plutão em Escorpião e o quincuncio a Urano permitem. Cuidado outra vez apenas com a quadratura de Neptuno ao Sol que se prolonga até meados da segunda semana de Dezembro.
Domingo, com a Lua em Capricórnio, organizemo-nos de forma a encaixar o que o eclipse revelou.
Uma Boa semana!
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