Por Clara Days:
Ideias-chave: Entre a iniciativa e o recolhimento; conheço-me e improviso; faço ou reflicto.
Inspirados pela Lua Cheia da madrugada de hoje, domingo, entramos na semana do Solstício de Dezembro mergulhados em contradições entre a nossa vida interior e as exigências da vida prática. Se, dum lado, temos um Mago que transborda energia, a querer intervir e transformar o que se passa à sua volta, temos do outro a força e paciência do Eremita, uma energia contida que promove a busca interior e o auto-conhecimento.
Já não é uma novidade: os últimos tempos têm-se revelado desafiadores, pedindo equilíbrios muito difíceis de conseguir, a que vamos correspondendo com maior ou menor sucesso. Desta vez, é como se precisemos de conciliar um potencial de criatividade e juventude quase efervescente com um processo de auto-análise maduro e sábio, que procura, nos recantos da nossa memória, as marcas com que a vida nos foi construindo e transformando. Sobre estas forças, que nos desviam em sentidos praticamente opostos, paira a necessidade de equilíbrio da Temperança, símbolo recorrente da crise longa por que estamos colectivamente passando.
A principal qualidade do Mago é a sua criatividade, a capacidade que tem de encontrar soluções insólitas, usando como ferramentas para a sua intervenção os elementos avulsos que encontra, trazidos pelo acaso das circunstâncias. O Mago á capaz de resolver problemas e é nisso que se consagra, pois, para ele, um poder que se não exerce é como se não exista. Corresponde a Mercúrio, o planeta rápido da acção e da iniciativa, o mensageiro dos deuses.
Já o Eremita representa a maturidade avançada, uma busca solitária do entendimento de si, num processo demorado e minucioso, focado nos detalhes que pretende “iluminar”, um a um. Corresponde, astrologicamente, ao signo de Virgem, metódico e analítico.
Como se conciliam estas duas tendências, numa semana de acontecimentos celestes significativos, como a que agora começa? Com que “ferramentas” pode o Mago auxiliar a busca do Eremita, sem que a sua impaciência juvenil atropele etapas? Talvez devamos, de novo, pedir o auxílio da Temperança, que sabe conjugar contrários para criar coisas novas, relevantes.
Precisamos de conseguir seguir, por dentro, o foco minucioso que nos explica a nós próprios, enquanto na vida externa podemos activar a criatividade aplicada que nos ajuda a resolver os problemas concretos. Não será fácil, mas temos o dever de tentar. Será preciso alguma Arte…
Imagem : Tarot of the Sevenfold Mystery, de Robert M. Place, 2012
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