Por Clara Days:
Ideias-chave: ruptura e regeneração; destruição, para poder renovar; desconstrução externa, como princípio de uma reconstrução interna.
Vai tudo abanar, por estes dias. Que fazer, quando as certezas e seguranças que temos tido se esboroam e a vida nos dá um pontapé para fora da nossa zona de conforto? A Torre vem esta semana desarrumar tudo o que pensávamos ter já controlado, e o melhor é estarmos preparados para isso. É mau para nós? Talvez não…Explico: a Torre vem acompanhada da Morte, que nos permite renascer. Anuncia que, antes que uma renovação pessoal se possa dar, os acontecimentos tenderão a precipitar-se e, muito provavelmente, haverá surpresas, inicialmente desagradáveis. Caídos da Torre fulminada, estaremos expostos e sem abrigo, em campo aberto; no entanto, não ficaremos à mercê dos acontecimentos, não.
Ficaremos assustados, mas não em risco. É só ter sangue frio e esperar um pouco, porque toda esta desconstrução vai abrir novos horizontes. Libertos dos muros que tapavam saídas, vamos ver mais longe, e melhor, os novos caminhos que podemos escolher. Desarrumada a nossa vida, paradoxalmente, estaremos mais capazes de a refazer.No caminho do Tarot, a Morte vem antes da Torre. A Morte é pessoal, a Torre é mundana. Mas parece-me que, desta vez, as coisas tenderão a acontecer invertidas: a Torre agirá subitamente, transformando tudo à nossa volta, enquanto que a Morte trabalhará mais devagar, sugerindo uma transformação interna e mais profunda.
O Arcano 13 nos diz-nos que, para podermos renascer, temos que nos livrar do que já não faz sentido na nossa vida. A essência da carta da Morte é que o que é velho tem que morrer, para dar lugar ao novo. Parece-me então que, desta vez, a Torre vai provocar, mesmo que seja contra os nossos desejos, essa primeira parte de alívio de carga: com a acção da Torre, a componente “destrutiva” da Morte fica facilitada. O desafio que nos é lançado é o de sermos capazes de viver a destruição como uma oportunidade e não como uma catástrofe, a nível público, mas também íntimo.
Dir-me-ão: estas duas cartas trazem-nos uma semana complicada, difícil. Concordo. Mas é um tempo de clarificação e de oportunidade. As coisas à nossa volta tenderão a precipitar-se, a desarrumar-se sem remédio, mas isso abrirá novas possibilidades, se soubermos aproveitar o momento. O desafio da Morte é que levemos até ao fundo as mudanças que estaremos em condições de fazer. Vai tudo abanar, por estes dias. Por fora e por dentro, vamos ter que lidar com forças incontroláveis, que tanto destruirão como abrirão caminhos.
O tempo é de mudança, cabe a cada um ser capaz de fazer dessa mudança o início de um renascimento. Se soubermos gerir a coisa, será uma crise, mas de crescimento.
Imagem : Zillich Tarot, de Christine Zillich, 2018
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