Por Clara Days
Ideias-chave: Desconstrução e equilíbrio pessoal; rupturas, instinto e razão; desprotegido, domino a fera que há em mim.
É bom que não nos assustemos, porque o mais certo é que haja elementos da nossa vida que vão entrar em derrocada. As certezas vão ser postas em causa, vamos ficar sem a protecção do que tínhamos por garantido e que afinal se desfaz em pó. Não é fácil gerir uma vida com equilíbrio, perante estas mudanças súbitas. O instinto, em situações assim, pode manifestar-se de modo intempestivo, numa reacção natural. Perante a sensação de perigo, podemos ser tentados a fugir ou a entrar em choque com o inevitável; mas é bom que nos controlemos, pois nem uma nem outra destas respostas nos ajuda.
Quando a minha Torre desaba, a Força tem que me ajudar a pôr a razão em controle suave, acalmando a fera assustada que trago em mim. A Torre desaba porque afinal eram frágeis os seus muros, e só posso ultrapassar o desconforto desta súbita ruptura dando tempo para que a nova situação assim criada se defina. Tenho andado a proteger-me com convicções, construí à minha volta uma barricada que me parecia indestrutível. O que sobra, quando tudo se desfaz? Que novos horizontes se abrem para mim? Peço à Força a vitalidade do Entusiasmo e procuro ter uma visão optimista desta aparente catástrofe. A Torre, caindo, libertou-me. Desarrumou-se tudo na minha cabeça, mas pode ser por bem.
Aguardo, espero o tempo certo. Confio na minha capacidade de adaptação. Dou ouvidos aos meus impulsos, controlando reacções, mas considerando as emoções. Escolho caminhos por entre os escombros do que até agora me continha, vislumbro novas metas, desenho novos projectos. A vida vai desarrumar-se, mas há nisso a semente de novas oportunidades. Vai ser um teste ao meu auto-controle, à minha capacidade de resposta. Estou preparado. Que venha o terramoto…
Imagem : Paulina Tarot, de Paulina Cassidy, 2009
Deixe uma Resposta