Por Clara Days:
Ideias-chave: discriminação e ordem; estrutura e auto-análise; regulação com introspecção
O mundo exterior pede lei e ordem, enquanto o mundo interior me impele a melhor me conhecer. Com efeito, quando o Imperador nos visita, traz consigo o universo material da humanidade socializada, onde ele é Pai e líder. Já o Eremita navega nas nossas águas pessoais, com método e detalhe. Como agirão em conjunto? Eu diria que, seguramente, em dois planos paralelos.
No plano externo, no concreto da vida, o Imperador reina, na base do previsível e do controle. Ele é o quatro, o quadrado, da regulação, da lei e da ordem. Gere a vida colectiva com determinação, procura a solidez, a estabilidade. Tudo fará para garantir a segurança, pois, para o Imperador, é fundamental que não haja surpresas a destabilizar os seus súbditos. Ele constrói, edifica, para o presente e para o futuro, defendendo o Estado de Direito. Dependendo das circunstâncias, pode ser frio e calculista, pode até reprimir, porque quer governar. Representa o Princípio Masculino manifestado na matéria, o controle que cada um pode ter sobre a sua vida, a autoridade e a responsabilidade.
Se o Imperador gere o que está fora, o colectivo, já o Eremita viaja por dentro de cada um de nós. Distancia-se do mundano e do supérfluo, do fútil, observando o mundo interior, com o intuito de melhor se conhecer. Nessa viagem de introspecção, procura iluminar, canto a canto, o que é inconsciente, para o trazer à consciência. Metodicamente, observa e analisa, sem pressa. Vai ampliando a consciência de si mesmo à medida que se analisa e se aprofunda na sua própria experiência, observando como reage nas diferentes situações, perante os problemas e as curvas da vida. Operando no mundo pessoal, silencioso e discreto, garante uma permanente vigilância interna.
O plano de acção do Imperador não intercepta o do Eremita. Eles governam mundos paralelos, que coexistem e se podem reforçar mutuamente, ou contradizer. Estará aqui o principal desafio desta semana que agora iniciamos: saber conciliar a necessidade de agir sobre o mundo material de modo organizado e estruturado com a importância de compreender as nossas próprias reacções, para nos conhecermos melhor.
Quem predominará? Isso depende das circunstâncias de cada um. Sendo difícil um equilíbrio perfeito entre Imperador e Eremita, cada diferente realidade convocará mais um, ou o outro. Até que ponto isto dependa da minha própria vontade, aí é que está o busílis.
Até que ponto controlo a minha vida? Porque vou por aqui e não por ali? À primeira pergunta responde o Imperador, à segunda o Eremita, mas eu preciso das duas respostas.
Imagem : Neuzeit Tarot, The New Age Tarot, de Walter Wegmuller, 1982
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