Por Clara Days:
Ideias-chave: aliar intuição e inteligência; sentir, saber e equilibrar; ajustar o que está dentro com o que está fora de mim.
A nossa vida interior pede atenção, mas não nos deixa focar apenas em nós: continuamos a ter que nos ajustar aos acontecimentos, doa o que doer. De facto, a necessidade de ajustamento é o elemento comum que vai pesando sobre as circunstâncias presentes, exigindo que levemos sempre em conta o que se vai passando, numa permanente busca de equilíbrio.
Lidar com o que subjaz à consciência nem sempre é fácil, a Sacerdotisa sabe-o bem. Ela está intimamente ligada ao conceito de subconsciente, pede calma e interiorização, como que uma gestação mental que se não processa com palavras. É a fonte das ideias que ainda não nasceram, dos sentimentos que virão a exprimir-se, o vivenciar da sombra como preparação para a luz. Será que a evolução dos acontecimentos à nossa volta permite que estejamos assim?
Em grande medida, a mensagem da Justiça faz a ligação entre a energia íntima e subjacente da Sacerdotisa e a mentalização que procura gerir o que acontece do melhor modo possível. Enquanto o Arcano 2 é essencialmente potencial, o 8 trata do possível, procura equilíbrios entre o que me motiva intimamente e o que está ao meu alcance projectar e realizar.
O conceito de “justiça” vem de dentro para fora, nascido na demanda pessoal que nos impele para que regulemos o nosso estar, connosco e com os outros, em busca de pacificação. Já o de o “ajustamento” como que vem de fora para dentro, ao pôr-nos perante circunstâncias, mais ou menos imperiosas, às quais temos que reagir ou nos adaptar – logo, condicionam decididamente as nossas escolhas. Nos dois casos, buscamos a harmonia entre o interno e o externo, uma harmonia que respeite quem somos mas nos sintonize com tudo o resto.
A presença da Sacerdotisa dá uma tónica de necessidade interna ao momento presente. Precisamos de paz interior e talvez não nos esteja a ser fácil obtê-la. Precisamos de nos dar tempo de silêncio, por muito que o ruído se nos imponha. É aí que temos que fazer entrar a capacidade de gestão para o equilíbrio da Justiça. Só activando o respeito pelas nossas necessidades internas, mesmo perante pressões externas, é possível encontrar o ponto certo que nos permita acompanhar os acontecimentos sem perdermos a nossa essência.
Ajustemo-nos, pois, ao avançar da vida, mas no respeito por quem somos. Demo-nos tempo para o equilíbrio interno, na medida do possível, a fim de podermos viver equilibradamente. Por muito incompatíveis que sejam o que sentimos e o que temos que fazer, o desafio está em não desistir de procurar o equilíbrio.
Imagem : 5 Cent Tarot, de Madam Clara, 2020
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