Energias para a Semana 4 – 11/ 9/22: O HIEROFANTE V / A MORTE XIII / A TORRE XVI

Por Clara Days:

Ideias-chave: ruptura, regeneração e tradição; a regra perante a mudança súbita e radical; âncora moral, desconstrução, reconstrução

Nada ficaria como está, se não fosse o Hierofante a segurar-nos. A acção conjunta da Torre e da Morte anunciam mudanças, súbitas e incontroláveis, e a necessidade de uma profunda revisão de vida, onde muita coisa terá de ser deitada fora, para dar lugar a um possível renascimento. Mas, sobre isto, paira a força tranquila das convicções partilhadas, o nosso colectivo de pertença, simbolizado pelo Arcano Cinco, que talvez nos proteja.

O problema estará em como ordenar a intervenção destas três forças, que tanto se podem complementar como quase anular umas às outras. Primeiro, pela ordem de entrada em cena: estar com o Hierofante desde o início, ou recorrer a ele depois da acção combinada da Torre Fulminada e da Morte, não é a mesma coisa.

Vejamos: o Arcano Dezasseis, ao ser fulminado pelo raio celeste, põe sempre a nu uma dura realidade, desfazendo aquilo que nos protege, ou atrás de que nos escondemos. A Torre representa o Princípio da Destruição e costuma chegar de repente, muitas vezes sem se anunciar. Com ela, desta vez, a Morte, a Inominável, representando o Princípio Universal da Transformação: para que eu possa renascer (pois é de renascimento que a Morte fala) tenho que largar os pesos mortos que estão atrasando a minha vida, e que, desta vez, bem provavelmente, já foram postos à vista pela turbulência da acção da Torre.

Voltemos à perspectiva da ordem de entrada em cena: no primeiro caso, entrando primeiro com o Hierofante, começo por me alinhar com a regra e as convicções da minha comunidade, criando assim um cenário interior de estabilidade ideológica e moral que me pode ancorar na tempestade que a Torre Fulminada anuncia, ao fazer desmoronar a minha zona de conforto, para me obrigar à profunda regeneração pessoal exigida pela Morte. Mas pode dar-se o caso de eu estar só e desacompanhado, quando a crise se anunciar, ainda sem a orientação ou a contenção do Hierofante e dos seus seguidores. Aí, o que as cartas para esta semana sugerem é que, após a derrocada e perante a necessidade de me reconstruir, eu me posso acolher junto dos meus, acatando os ditames e obtendo, em troca, amparo. Na primeira situação, ancoro-me e enfrento a crise com mais força moral; na segunda, abalado pela crise, procuro abrigo junto dos outros.

Mas há ainda outra perspectiva para encarar o conjunto das cartas desta semana, que hoje entra. É que há duas maneiras de viver o Hierofante: eu posso ser o próprio, protagonizando a minha adesão às escolhas morais e ideológicas e aprofundando a minha relação com elas, ou ser antes um seguidor, juntando-me aos outros e deixando-me guiar. O Arcano Cinco representa o Princípio da Transcendência Espiritual, de que me posso aproximar, digamos, “por cima” ou “por baixo”. Se esta semana se anuncia como um tempo de crises pessoais, onde as nossas certezas serão abaladas e teremos que encarar a inevitabilidade de mudanças profundas, internas e externas, a nossa força moral e ideológica pode ser um esteio, uma elevação espiritual, ou um refúgio.

Seja como for, não haverá grande sossego. Vale mais estar preparado.

Imagem : Guardian of the Night Tarot, de MJ Cullinane, 2022

Clara Days

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